Relacionamentos críticos nos conselhos de administração

A área comportamental dentro dos conselhos de administração ainda é um tema considerado sensível para profissionais que atuam nessa frente. Como em todo lugar onde o relacionamento interpessoal é presente, há embates e conflitos. No colegiado não é diferente.

É fundamental que conflitos e relacionamentos tóxicos nesse ambiente sejam amenizados. Só assim as decisões serão mais produtivas e vão gerar resultados melhores para aquele grupo.

A primeira relação que deve ser considerada é entre o presidente do conselho e os conselheiros. Há uma dificuldade em coordenar sem dirigir, já que o presidente não é o chefe, e sim uma espécie de “primo” entre pares, como definiu a colunista Vicky Bloch do Valor Econômico.

Esse presidente tem funções específicas, como estabelecer objetivos e programas do conselho, confirmar se os conselheiros receberam informações completas para o exercício dos mandatos, e costurar previamente os assuntos delicados ou temas críticos, criando assim uma certa coesão no grupo, proporcionando clareza e objetividade. Contudo, vale ressaltar que a liderança do presidente é diferente de uma liderança executiva. A falta de clareza sobre esses papéis costuma gerar conflitos no fórum de governança.

Outro relacionamento que deve ser observado e muito bem lapidado é entre membros do conselho de modo geral. O termo “colegiado” refere-se à forma de gestão na qual a direção é compartilhada por um grupo com igual autoridade e, reunidas, essas pessoas tomam decisões. Não há somente um membro decidindo, mas acontece de algumas variáveis interferirem na fluidez das relações entre conselheiros, como a herança de quem atuou por muito tempo como chefe e traz para o grupo o hábito de querer comandar e tomar decisões por conta própria.

É necessário se atentar aos comportamentos tóxicos, como arrogância intelectual, prolixidade, presunção do conhecimento e falta de atenção nas apresentações.

O grupo de relações que engloba os comitês e os conselhos deve também ser considerado nessa discussão. Um erro comum é de decisões que foram discutidas nos comitês serem levadas prontas ao conselho de administração, mas os envolvidos não lembram de apresentar essas questões aos conselheiros que não participam do comitê. Comitês com forte presença de acionistas podem criar um ambiente de decisões paralelas, da mesma forma que os comitês com forte presença de executivos que podem formar uma câmara de demandas a serem levadas ao conselho.

No caso das empresas familiares, as questões são mais específicas. Elas envolvem a mistura de papéis: família, propriedade e gestão. Isso dificulta a isenção.

Essas questões abordadas por Vicky Bloch são o dia a dia da gestão de um conselho administrativo. Ressalta-se a importância do autoconhecimento por parte dos membros, para que sejam conscientes na atuação dentro do colegiado. É fundamental atuar em prol do desenvolvimento da empresa como objetivo central.

FONTE: VALOR / GLOBO

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