Inovação no mundo pós-Covid – Web Summit 2020

O Web Summit 2020 revelou o novo papel das fintechs em um mundo de transformações financeiras, onde agilidade e transparência tornam-se regra. Inclusive, esse foi tema de uma das palestras realizadas no evento, e resume bem o que aconteceu ao longo do ano.

É impossível falar de 2020 sem mencionar a pandemia da covid-19. Para empresas em experimentação, o cenário acelerou em 10 anos a dinâmica cashless da sociedade. Ou seja, serviços digitais financeiros passaram a ser usados por aqueles que antes resistiam às mudanças. Isso acelerou muito o processo de implementação.

A exemplo disso, temos a startup chinesa WeBank, que teve crescimento significativo de usuários durante a crise e chegou a mais de 200 milhões de contas abertas. Duas ações da empresa foram muito marcantes: emprestar dinheiro para microempresas em volume suficiente para que os empreendedores não quebrassem, e a criação de um roadmap de implantação de inteligência artificial, melhorando o aproveitamento e rentabilidade dos dados gerados a partir do uso e do perfil dos usuários.

O novo mundo de pagamentos é acelerado através de biometria facial, QR Codes, e outras formas sem contato, com uso de dispositivos mobile. Em diversos países a sociedade não utiliza bancos. Mesmo em países desenvolvidos, educação financeira acaba sendo uma grande oportunidade de alavancar usuários e receitas. Por isso são importantes estratégias com máxima transparência, operações low cost e senso de segurança para os usuários.

Vale ressaltar que as tendências não significam o fim dos bancos, muito pelo contrário: uma parceria entre fintechs e bancos pode trazer muita segurança nas operações, e se bem trabalhada, traria a realidade do Open Banking. É claro que há desafios expressivos, especialmente com relação à educação de idosos para esse novo mundo.

Outro ponto relevante discutido no evento foi o poder do Design Thinking – o design nos ambientes de trabalho e o design da experiência do cliente. O Design Thinking ganhou força no varejo, indústria e serviços, nos mais diversos segmentos. Isso com o objetivo de unir o pensamento flexível e altamente sustentável do design ao tecnicismo das empresas. É a humanização do pensamento do designer que vence a rigidez dos processos e combate o bloqueio à inovação.

Grandes marcas, como Pepsi e 3M, introduziram o cargo de Chief Design Officer, o profissional especializado em implementar a inovação através das ferramentas e pensamento do designer. Esse é um investimento que deve estar na planilha das empresas nos próximos anos, seja de forma interna ou terceirizada.

Espaços corporativos também foram fortemente afetados durante a pandemia. Mais de 70% das companhias dizem que vão reduzir os ambientes de trabalho, colocando em xeque o formato dos escritórios.

A tecnologia passa a ser mais humana do que nunca. Quando falamos em consumidores, a preferência entre ser humano ou inteligência artificial depende muito, já que o consumidor muda a cada dia. As expectativas são moldadas em função dos recursos disponíveis. E a dinâmica entre as marcas e os consumidores está em constante evolução. O melhor cenário é quando a experiência proporcionada pela marca vem de encontro com as expectativas.

O chatbot pode ser uma ótima alternativa quando a necessidade de contato envolve situações específicas, com opções limitadas de retorno. Porém, se forem necessárias discussões, alternativas, ou até negociação, o atendimento humano acaba sendo mais valioso para o cliente. Um fator que deve sempre ser levado em consideração é a velocidade, algo cada vez mais essencial. Respostas rápidas e soluções mais rápidas ainda são sempre muito valorizadas.

Agora, o grande segredo para as marcas gerarem confiança é a definição de propósitos e autenticidade. Anunciar de maneira adequada, refletindo pessoas de forma genuína, sem valorizar somente dados demográficos. É essencial descobrir os valores das pessoas e identificar onde aquela marca se enquadra, tocando na diversidade – que vai muito além de raça ou gênero, há muitas outras camadas.

Um exemplo legal é o da Microsoft. O Xbox tem um design inclusivo, tornando mais fácil para os jogadores usarem as mãos no console minúsculo. A Microsoft criou também um console para que pessoas com deficiência consigam jogar com os pés, queixo ou outras partes do corpo, o que gerou nova abordagem da empresa para design acessível. É isso que o marketing precisa representar: a realidade na melhor forma, sem exceções.

Desde 2015, as redes sociais crescem 12,5% ao ano. Durante a pandemia, o Facebook registrou aumento de 50% nas comunicações entre usuários. WhatsApp e TikTok apresentaram também crescimento. 90% dos usuários gastam até 24 horas por semana consumindo conteúdo nas redes. A possibilidade de conhecer as preferências dos usuários faz do social commerce uma real tendência, e as marcas ficam em desvantagem por não possuírem esses dados na mesma quantidade e qualidade. Então, são feitas parcerias.

É claro que há aspectos legais relacionados aos dados. Esse assunto, inclusive, ganhou relevância no Brasil após o Projeto de Lei que instituiu o Marco Legal das Startups. A intenção foi fomentar o ambiente de negócios, incentivar a oferta de capital para investimento em startups e disciplinar a contratação e soluções pela administração pública.

Quando se trata de Inteligência Artificial, a regulamentação está cada vez mais avançada. Na lei brasileira, uma PL define direitos e deveres que empresas, pessoas físicas e poder público têm ao utilizar a tecnologia. É desafiador garantir respeito aos direitos humanos, livre iniciativa, igualdade e privacidade.

A Lei Geral de Proteção de Dados, LGPD, foi publicada em 2018 com a intenção de adequar a legislação em uma mudança de mindset, envolvendo empresas, poder público e titulares dos dados.

O Web Summit nos trouxe a chance de debater temas contemporâneos fundamentais para lidar com a revolução digital que encontramos e ainda viveremos no futuro.

Confira o conteúdo na íntegra: Web-Summit-2020-Oasislab

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