Quando devemos atualizar a estratégia corporativa?

Oportunidades que surgem através desse processo precisam ser avaliadas periodicamente, para que o negócio seja calibrado ao longo do caminho planejado. Isso é gerenciamento da estratégia, e não redefinição.

Atualizar a estratégia de uma empresa com grande frequência é um erro, ao contrário do que muitos podem pensar. O horizonte estabelecido deve ser de longo prazo, para buscar crescimento e manter a organização fiel ao tipo de negócio que se propõe.

“Saber diferenciar o que é estratégia corporativa e de negócio é fundamental, visto que a dinâmica e o timing nestas perspectivas, na maioria dos casos, são diferentes”, afirma Luciano Menegasso, especialista da C&S em Planejamento e Gestão Estratégica.

Há empresas que adotam a política de redefinir a estratégia corporativa frequentemente, mas o melhor a fazer é ter uma mentalidade de longo prazo, onde a definição de novas estratégias é algo raro.

A estratégia corporativa nada mais é do que um plano de ação para cumprir a missão da empresa e evoluir para a visão. Unidades de negócios, equipes e indivíduos podem desenvolver e executar estratégias. Contudo, a estratégia corporativa tem a tendência de ser mais envolvida, diante da complexidade de organizar uma empresa toda através de hipóteses. Para que isso seja implementado, são necessárias muitas etapas e muitos anos, além da orquestração de um extenso sistema.

Estar inserido em um mercado em crescimento, replicar ofertas competitivas e seguir tendências pode disfarçar a estratégia da empresa. A verdadeira estratégia corporativa requer brainstorming a partir de resultados e muito rigor sobre a construção de cenários variados.

A dica aqui é pensar em um plano e gerenciá-lo, em um segundo momento, em três domínios separados: núcleo, borda e opções. O núcleo é o que te coloca no jogo. A borda, é onde você aproveita seus ativos e capacidades para obter receita. E as opções são flexibilidades projetadas com o futuro em mente.

Uma proposta de pensamento de longo prazo pode trazer protestos, muitas vezes impactando na rigidez de pensamento que levou à queda de grandes empresas. É o caso da Kodak, que já contamos aqui em um outro episódio, dedicada à fotografia impressa. Também temos como exemplo o fracasso da Blockbuster em evoluir. Por isso, ressaltamos que ter uma visão de longo prazo sobre a estratégia não significa definir engessar. É possível fazer redirecionamentos de acordo com as tendências ao longo das décadas.

Como num jogo de xadrez, não podemos nos distrair. Ajustes ocasionais são bem-vindos, mas sempre com muita cautela e análise. Os melhores estrategistas são aqueles que estabelecem princípios e limites sobre as mudanças de direção.

Vale lembrar que prognósticos também não são 100% confiáveis. Por isso, precisamos enfatizar os planos de teste para resultados variados, e assim, obter melhores previsões diante de diferentes cenários. Dessa forma, é possível ficar bem preparado para enfrentar riscos calculados, alinhados com os princípios corporativos e objetivos de longo prazo, conforme o mercado sofre mudanças.

Boas estratégias são simples de articular, porém difíceis de se replicar. Oportunidades que surgem através desse processo precisam ser avaliadas periodicamente, para que o negócio seja calibrado ao longo do caminho planejado. Isso é gerenciamento da estratégia, e não redefinição.

O movimento de auto-disrupção, presente na literatura popular de gestão, é muito arriscado na prática. Para a maioria das empresas, a melhor abordagem é reconhecer que a gestão do plano precisa ser dinâmica. Já a estratégia corporativa, planeja eventualidades variadas e estabelece regras.

Fonte: Harvard Business Review

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