O Impacto do Pensamento Estratégico no Planejamento
O Impacto do Pensamento Estratégico no Planejamento
26 de agosto de 2024
O conceito de estratégia é tradicionalmente associado a traçar um caminho em direção a um futuro desejável ou ao gerenciamento de diversos cenários enfrentados por uma organização ou iniciativa. Apesar de estar muito presente em instâncias contemporâneas como administração de empresas, economia e política, a noção de estratégia é antigo e datada da Grécia antiga. Naquele contexto, estratégia referia-se à arte da liderança exercida por generais e conselhos de guerra, com o objetivo de planejar e executar movimentos e operações militares para superar os inimigos
Já na segunda metade do Século XX, a estratégia se tornou mais presente no ambiente empresarial e nesse contexto surgiram duas perspectivas conceituais: o “pensar estratégico” e o “plano estratégico”. O primeiro ligado ao pensamento por trás da estratégia; e o segundo à maneira de executar ou materializar essa visão.
O chamado “pensamento estratégico”, se remete a um processo criativo, divergente, inovador, que fomenta a troca aberta de ideias e soluções para os desafios imprevisíveis dos negócios. Todavia, o “planejamento estratégico” seria a aplicação lógica e sistemática da estratégia pensada, um processo programático e analítico, que transforma ideia e soluções em ações, com etapas, metas e indicadores a serem atingidos em tempo predefinido.
As duas perspectivas (pensamento e planejamento) são interdependentes e somente geram valor quando se complementam. Apenas assim, é possível estruturar um ciclo contínuo de pensar, planejar e executar.
Conselheiro como catalisador do Pensamento Estratégico
O Conselho de Administração é responsável por aprovar a estratégia de uma organização e por assegurar seu propósito, mas não deve ser a única fonte do pensamento estratégico. Um movimento oposto a este sentido provavelmente ocasionará em fracasso. É importante que os Conselheiros promovam o pensamento estratégico como uma cultura da organização, estimulando o debate, ideação e a identificação de ameaças e oportunidades.
O Conselheiro precisa ser o exemplo, fomentando nos colaboradores a reflexão e a atenção aos fatores internos e externos à organização através de suas atitudes e interações. O processo do pensamento estratégico atua na constante identificação de vulnerabilidades do negócio, garantindo o alinhamento da companhia, a retenção de talentos e a mitigação de riscos.
Algumas recomendações que os Conselheiros podem adotar para impulsionar o pensamento estratégico na organização:
- Desenvolver na organização um clima de “alerta permanente”, que normalize o acolhimento de ideias, a revisão de certezas, e a tolerância ao erro.
- Desafiar crenças e modelos mentais estabelecidos na organização. É importante prestar atenção aos vieses cognitivos e preconceitos que podem impedir a percepção de realidades e ameaças evidentes.
- Estimular a gestão, em todos os seus níveis, a discutir temas abrangentes de negócios e estratégia com seus subordinados.
- Fomentar a expressão de ideias e a contribuição com insights provenientes de diversas fontes de informação.
- Incentivar a liderança a adotar e utilizar metodologias ágeis para resolver problemas e desenvolver soluções.
O pensar estratégico não se apoia num método único. Pode ser mais ou menos formal, mais ou menos democrático, sincrônico, paralelo, continuado ou cíclico. E não pode ser substituído pelo planejamento.
Todo pensador estratégico está sempre aprendendo, e o pensamento estratégico resulta de um processo contínuo de desenvolvimento, caracterizado por um diálogo sobre questões estratégicas. Esse diálogo, aliado ao questionamento criativo, gera ideias fundamentais para qualquer estratégia.
Para assegurar o crescimento sustentável do negócio no longo prazo é fundamental que haja uma participação proativa e colaborativa das partes interessadas. O Conselheiro precisa agir como guardião de uma cultura que fomente o pensamento estratégico. Estratégia inteligente é conciliar duas perspectivas – Pensamento e Planejamento.
Pedro Marchioni
Analista de Estratégia