A estratégia dos conselhos de administração é profundamente influenciada por uma combinação de fatores externos e internos, que moldam sua abordagem e eficácia. Fatores externos, como expectativas societárias, códigos de governança, dinâmica da indústria e aspectos regulatórios, desempenham um papel fundamental na determinação das prioridades estratégicas.

As expectativas societárias impõem um nível de responsabilidade que os conselhos devem atender, enquanto os códigos de governança fornecem um quadro dentro do qual as estratégias devem ser formuladas. A dinâmica da indústria e as características do segmento de atuação influenciam a competitividade e as oportunidades de mercado, necessitando de ajustes estratégicos contínuos.

Internamente, o poder e as preferências do conselho, suas competências, o tamanho do conselho e a complexidade do negócio são determinantes críticos. O poder do conselho em relação à gestão executiva pode ditar o grau de influência na formulação estratégica. Conselhos com maior poder tendem a ser mais ativos na definição e monitoramento de estratégias, enquanto conselhos com menos poder frequentemente assumem um papel mais passivo.

As preferências e competências dos membros do conselho também são cruciais, pois determinam a capacidade de compreender e influenciar decisões estratégicas complexas. O tamanho do conselho pode afetar a agilidade e a eficácia das discussões, com conselhos menores frequentemente sendo mais ágeis, mas possivelmente menos diversos em termos de perspectiva.

A complexidade do negócio e o tamanho da empresa também moldam a abordagem estratégica. Empresas maiores e mais complexas podem exigir estratégias mais estruturadas e detalhadas, enquanto empresas menores podem se beneficiar de abordagens mais flexíveis e adaptáveis. A interação entre esses fatores internos e externos cria um ambiente dinâmico onde a estratégia precisa ser continuamente ajustada para atender às mudanças e desafios emergentes. Esse ajuste contínuo é essencial para manter a relevância e a eficácia da estratégia organizacional.

Os conselhos de administração devem, portanto, desenvolver uma compreensão profunda desses fatores e adaptar suas práticas estratégicas para responder efetivamente a eles. Isso inclui a necessidade de monitorar constantemente o ambiente externo e interno, ajustando as estratégias conforme necessário para garantir que a organização esteja bem posicionada para enfrentar desafios e aproveitar oportunidades. A flexibilidade e a adaptabilidade são, portanto, características essenciais para conselhos de administração eficazes.

Em resumo, a adaptação estratégica ao contexto externo e interno é crucial para o sucesso organizacional. Os conselhos de administração devem ser flexíveis, informados e proativos na adaptação de suas práticas estratégicas para garantir a eficácia e a relevância contínuas. A capacidade de ajustar a estratégia em resposta às mudanças no ambiente externo e interno é uma competência fundamental para conselhos de administração que buscam promover a eficácia organizacional e o sucesso a longo prazo.

Referência Bibliográfica: Hendry, K. P., Kiel, G. C., & Nicholson, G. (2010). How boards strategise: A strategy as practice view.

 Autor: Luciano Menegasso