Efetividade do Conselho: divergências entre diretores e executivos
Efetividade do Conselho: divergências entre diretores e executivos
1 de setembro de 2024
Com um cenário de mudanças constantes para muitas organizações, a eficácia dos conselhos de administração é uma questão que depende muito de quem a avalia. Dois levantamentos recentes realizados pela PwC revelam que há divergências significativas entre os conselhos de administração e a alta administração em tópicos de alta relevância.
A comparação entre os resultados da pesquisa Annual Corporate Directors Survey (ACDS) e a pesquisa sobre a eficácia do conselho de administração do C-suite destaca que diretores e executivos têm visões diferentes sobre a composição, a renovação e o conhecimento do conselho, além da capacidade de orientar suas empresas em tempos de crise.
Os papéis e responsabilidades dos membros do conselho de administração mudaram drasticamente nos últimos anos. Com a rápida evolução das estratégias corporativas para lidar com pressões competitivas, aquisições e novas tecnologias, o conselho moderno precisa de uma combinação diferente de habilidades e experiências para liderar a organização. No entanto, a pesquisa sobre a eficácia do conselho de administração do C-suite revelou que apenas 28% dos executivos acreditam que seus conselhos possuem a combinação certa de habilidades e experiência.
Os executivos priorizam competências como expertise regulatória/política pública, ambiental e de indústria, enquanto os diretores ainda valorizam áreas tradicionais de supervisão, como finanças, gestão de risco e operações. Interessantemente, as áreas que estão na lista de prioridades dos executivos, como sustentabilidade ambiental, inteligência artificial (IA) e digitalização, são as mesmas que, segundo os executivos, recebem pouca atenção do conselho.
Fechar essa lacuna é uma via de mão dupla: os executivos podem impulsionar a agenda de aprimoramento de competências, promovendo educação especializada e fornecendo relatórios mais claros e ricos. Por outro lado, os conselhos podem aumentar seu foco em áreas de alto risco e recorrer a especialistas externos para obter insights mais profundos. Além disso, eles podem cultivar relacionamentos mais significativos com toda a alta administração, não apenas com os CEOs e CFOs.
Um dos maiores desafios para adicionar a expertise necessária ao conselho é a renovação da sua composição. A pesquisa revelou que 45% dos diretores acreditam que pelo menos um de seus colegas de conselho deveria ser substituído, uma porcentagem que tem se mantido constante nos últimos cinco anos. A relutância em desafiar a administração e a tendência de alguns membros do conselho de ultrapassar seus papéis de supervisão são apontadas como possíveis razões para a necessidade de renovação.
No entanto, nem todos os conselhos estão utilizando uma das ferramentas mais eficazes de renovação: o processo de avaliação. Muitos diretores mencionam a ineficácia desse processo e a falta de disposição da liderança do conselho em iniciar discussões difíceis sobre a saída de membros como obstáculos à renovação. O estudo revelou que 61% dos diretores afirmam que seus conselhos estão tomando ações com base em avaliações, mas apenas 11% dizem que esses processos resultaram na decisão de não renomear um diretor.
Isso tem gerado insatisfação crescente entre os executivos, com um recorde de 92% defendendo a substituição de pelo menos um membro do conselho. No entanto, apenas 45% confiam que seus conselhos irão remover diretores com desempenho abaixo do esperado.
Para superar esses desafios, os conselhos devem ser introspectivos e realizar uma avaliação abrangente, tanto do conselho como um todo quanto dos comitês e diretores individuais. Essa análise deve ser acompanhada pela construção de um pipeline de candidatos diversos e qualificados, atualizando os perfis dos candidatos potenciais para incluir conjuntos de habilidades relevantes que preencham lacunas identificadas.
A maioria dos diretores (96%) se sente confiante na capacidade do conselho de liderar suas organizações em tempos de crise. No entanto, apenas 66% dos executivos compartilham dessa confiança. Embora a confiança esteja aumentando, ainda há uma diferença significativa.
O que pode estar contribuindo para essa falta de confiança é que apenas 70% dos diretores participaram de exercícios simulados de gestão de crise e 48% dos conselhos não criaram uma política formal de escalonamento de gestão de crise.
Os conselhos devem incorporar a gestão de crises em suas sessões estratégicas anuais e dedicar tempo para exercícios práticos.
Os dados das pesquisas revelam divergências complexas entre executivos e diretores sobre questões fundamentais. Contudo, aceitar o desafio de superar essas diferenças é essencial para o sucesso organizacional. Diretores devem se educar sobre o negócio para fazer perguntas difíceis e desafiar a administração quando necessário. Por sua vez, a administração deve fornecer relatórios mais detalhados e concisos e estar aberta ao engajamento dos diretores fora das reuniões regulares.
Ao abordar esses temas com franqueza, os conselhos e a administração podem desenvolver conexões mais estreitas, ajudando as empresas a permanecerem no caminho do sucesso.
Fonte: The Conference Board