Reformulação da Governança Corporativa como um imperativo ambiental e social

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A governança corporativa tem enfrentado desafios sem precedentes. Com a crescente conscientização sobre questões ambientais, sociais e de governança (ESG), especialistas em governança estão apelando por mudanças significativas na legislação societária.

Um grupo de 15 acadêmicos renomados, incluindo Colin Mayer da Universidade de Oxford, argumenta que o direito societário precisa evoluir. Eles sugerem que as leis devem explicitamente responsabilizar os conselhos de administração por avaliar o impacto de suas estratégias na sociedade e no meio ambiente. A abordagem representa uma mudança de paradigma, alinhando as expectativas do público e dos formuladores de políticas com uma nova forma de governança corporativa.

Os deveres dos conselhos, segundo os especialistas, devem ir além do papel tradicional de representar os interesses dos acionistas. Eles enfatizam a importância de criar valor sustentável e contribuir para a mitigação das pressões sobre os limites planetários. Esse enfoque ampliado desafia o conceito tradicional de governança, colocando maior ênfase na sustentabilidade e na responsabilidade corporativa.

A integração dos princípios ESG nas decisões de investimento tem gerado debates acalorados. Críticos argumentam que o conceito ESG é facilmente explorado pelos gestores de investimentos e tem sido politizado, especialmente nos Estados Unidos, onde ativistas de direita descrevem as políticas de mudança climática como “woke”. No Reino Unido, o primeiro-ministro Rishi Sunak adotou medidas que parecem politizar as mudanças climáticas, atrasando metas ambientais importantes.

Os acadêmicos defendem que houve uma mudança significativa nas expectativas da sociedade em relação às empresas. Agora, espera-se que as empresas se envolvam ativamente em desafios ambientais, como as mudanças climáticas e a perda de biodiversidade, e combatam as desigualdades sociais. Esse novo contexto exige que as estruturas de governança corporativa evoluam e se tornem mais sofisticadas, indo além da simples incorporação de preocupações ESG no discurso estratégico.

Os especialistas propõem um conjunto de novos princípios para a governança, sustentados pelo estabelecimento de um “propósito corporativo”, que deve ser a expressão de como uma empresa pode contribuir com soluções para problemas sociais e ambientais, criando valor tanto para os acionistas quanto para as partes interessadas. Além disso, reconhecem uma responsabilidade acrescida para os conselhos de administração, defendendo uma “partilha justa” na distribuição do valor gerado pelas atividades da empresa.

O grupo de acadêmicos também defende que os funcionários devem ter voz em questões de governança corporativa. Esta inclusão pode enriquecer o processo decisório e garantir que diferentes perspectivas sejam consideradas nas estratégias corporativas.

Esse debate é fundamental à medida que as empresas lidam com um mundo assolado por conflitos e mudanças históricas. A adaptação às novas demandas sociais e ambientais não é apenas uma questão de conformidade legal, mas uma oportunidade para as empresas se reinventarem, criando um impacto positivo sustentável e duradouro.

FONTE:  Board Agenda

 

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