Reflexões críticas sobre o futuro do ESG

O ESG começou como uma medida de “bondade”, enraizada nos princípios do investimento responsável delineados pela ONU. A ideia era simples: avaliar as empresas com base em sua conduta ética e responsabilidade social. No entanto, à medida que o ESG ganhava popularidade, suas definições e objetivos começaram a mudar.

Os defensores do ESG perceberam que a “bondade” tinha um apelo limitado para os investidores. Eles então mudaram o discurso, argumentando que investir em empresas com altas pontuações de ESG resultaria em maiores retornos financeiros, sem um aumento correspondente no risco. Esta nova narrativa ganhou aceitação ao longo da última década, em parte devido à crescente aversão ao setor de combustíveis fósseis e à preferência por empresas de tecnologia.

No entanto, os desafios para o ESG se tornaram evidentes. Uma das principais questões é a ambiguidade na definição do ESG. Atualmente, as pontuações de ESG medem uma ampla variedade de fatores, tornando-as tão abrangentes que, na prática, não medem nada de forma eficaz. Além disso, a alegação de que uma alta pontuação de ESG automaticamente aumenta o valor das empresas é simplista e não considera a complexidade das operações comerciais.

Uma das áreas mais controversas é a relação entre o ESG e os retornos financeiros. Os defensores do ESG argumentam que empresas com altas pontuações de ESG são menos arriscadas e, portanto, geram maiores retornos. No entanto, essa afirmação contradiz a lógica financeira convencional, que sugere que ativos menos arriscados devem oferecer retornos mais baixos.

Além disso, o ESG enfrenta desafios em relação ao seu impacto na sociedade. A pressão para manter altas pontuações de ESG é seletiva, muitas vezes afetando mais as empresas de capital aberto do que as empresas privadas e variando em rigor geográfico. Isso levanta questões sobre a eficácia do ESG em alcançar seus objetivos sociais e ambientais.

A governança corporativa, que faz parte do ESG, substitui a noção tradicional de que os gerentes são responsáveis perante os acionistas por uma abordagem em que os gerentes são responsáveis perante todas as partes interessadas. Essa mudança pode criar desafios na tomada de decisões corporativas e na prestação de contas.

O debate em torno do ESG está longe de ser concluído. É essencial que os investidores, empresas e defensores do ESG reflitam sobre o seu propósito e direção futura. O ESG pode estar destinado a evoluir e adaptar-se às mudanças do mundo dos negócios ou pode ser um conceito que precisa ser repensado para cumprir seus objetivos originais de maneira mais eficaz.

Fonte: Financial Times

Fale com o nosso especialista

e deixe sua pergunta.