A última década foi significativa quando se trata de transformações empresariais. Um bom exemplo é a Danish Oil and Natural Gas, empresa Dinamarquesa que entrou em crise financeira em 2012, quando o preço do gás natural despencou 90% e a S & P negativou o crédito. O conselho então contratou um ex-executivo da LEGO como novo CEO. Alguns líderes teriam adotado o modo de gerenciamento de crise, demitindo funcionários até que os preços se normalizassem. Mas a Danish Oil fez diferente: reconheceu o momento como uma oportunidade para mudanças.
Foi necessário construir uma empresa totalmente nova. A companhia foi renomeada para Orsted, em homenagem ao cientista dinamarquês que descobriu os princípios do eletromagnetismo. Foi feita uma transformação radical, na qual buscaram encontrar novas áreas de crescimento sustentável, combatendo mudanças climáticas. Assim, a Orsted tornou-se uma das primeiras empresas a utilizar energia verde.
Trata-se de um impulso estratégico: identificar uma missão de propósito mais elevado, que protege a empresa. Esse é o fio condutor para o Transformation 20, um novo estudo sobre as empresas mais transformadoras do mundo. Uma declaração recente assinada por 181 CEOs afirma que servir aos acionistas não pode mais ser o principal objetivo das corporações. Em vez disso, as empresas devem servir à sociedade, através da inovação, compromisso com o meio ambiente e oportunidades econômicas para todos.
O objetivo do estudo foi identificar empresas globais que alcançaram as transformações de maior impacto na última década. Em primeiro lugar ficou a Netflix. Em 2013, o CEO lançou um memorando para funcionários e investidores detalhando o compromisso de deixar de apenas distribuir conteúdo digitalmente e tornar-se um produtor líder de conteúdo original, podendo concorrer a Emmys e Oscars. Desde que esse novo propósito entrou em prática, a receita da Netflix triplicou. Os lucros se multiplicaram 32 vezes.
Empresas de tecnologia também descobriram formas de mudar o propósito da organização como forma de transformar o negócio. A Siemens começou em 2014 um plano que exigia o aproveitamento de tecnologias como Inteligência Artificial e Internet das Coisas. Mas mudar a missão também significa mudar a cultura, o que impulsionou planos de redirecionar o negócio principal de petróleo e gás e redistribuir o capital para a unidade de Indústrias Digitais e negócios de Infraestrutura Inteligente com foco em eficiência energética, armazenamento de energia renovável, energia distribuída e mobilidade de veículos elétricos.
Diversas empresas descobriram que redirecionar a organização para ajudar a salvar o planeta pode ser um ótimo caminho. Um ótimo exemplo é a Ecolab, empresa que crescia 10% ao ano com a venda de produtos de limpeza industrial e serviços de segurança alimentar. A transformação começou a partir da conversa com clientes. Os mesmos que compravam os principais produtos também expressavam preocupações sobre o acesso à água potável.
Em 2011, a Ecolab tinha capitalização de mercado de US $ 12 bilhões, quando adquiriu a empresa de tecnologia de água Nalco por US $ 8 bilhões. A empresa agora é um dos fornecedores líderes mundiais de hardware, software e produtos químicos que ajudam fabricantes e empresas de serviço a reutilizar água. Anualmente, os clientes conseguem economizar 188 bilhões de galões de água. A meta, até 2030, é de economia de 300 bilhões de galões.
Ao ampliar a visão, o propósito mudou. As equipes aumentaram a consciência sobre questões globais, e o valor de mercado da Ecolab passou de US $ 55 bilhões. Agora, a empresa é uma das 100 mais valiosas da América.
Transformações assim nunca são fáceis. Mas em uma era de mudanças implacáveis, uma empresa sobrevive e prospera com base na capacidade de se reposicionar para criar um novo futuro e alavancar uma missão orientada para essa finalidade. Por isso, a transformação estratégica pode ser a base da liderança empresarial do século 21.
Fonte: Harvard Business Review
