Os desafios da nova geração na sucessão empresarial

As novas gerações de líderes em empresas familiares vêm encontrando barreiras na expansão para novos setores e mercados, adoção de novas tecnologias e até a pauta ESG. Embora esses temas figurem entre as principais preocupações dos gestores, colocar essas mudanças em prática tem sido um desafio, de acordo com a pesquisa NextGen sobre sucessão familiar. O estudo ouviu 1.306 companhias no mundo todo, e foi divulgado com exclusividade pelo jornal Valor Econômico.

Embora a nova geração tenha o desejo de promover mudanças na gestão empresarial, mais de um terço dos novos líderes afirma encontrar resistência às transformações nas companhias, de acordo com o estudo NextGen.

Sr. Maurício Siqueira, Cofundador e Conselheiro de Administração da C&S, faz uma análise sobre os dados obtidos no levantamento.

“Quero ressaltar alguns pontos importantes levantados pela pesquisa:

O primeiro deles tenho encontrado em quase 100% das empresas em fase de sucessão, que é o despreparo dos sucessores, principalmente quando os sucedidos são seus pais. Os sucessores sempre têm a tendência de se sentirem preparados, em muitos casos, incentivados pelos sucedidos. Ledo engano; cultura empresarial, conhecimento do negócio, habilidades administrativas, não são adquiridos por osmose. É fundamental, que, haja não apenas uma preparação profunda, através de cursos, atuações em outras empresas do mercado, além e principalmente a vocação para o negócio. Normalmente os sucessores já nascem com o estigma de vice-presidentes, mesmo não querendo.

O segundo ponto a ser comentado, é a tendência dos homens de entenderem que são superiores às mulheres, também em muitos casos incentivados pelos pais. Neste sentido, a sucessão já inicia de forma errada, ainda no berço. Conheço mulheres executivas, que cuidaram com muita intensidade da preparação da carreira, com excelentes cursos superiores, pós-graduações, mestrados e até doutorados, e que sucedem com desenvoltura, e sem pretensões de serem melhores que os homens membros da família ou não.

O terceiro comentário é sobre a cultura com fortes raízes no passado, não apenas por parte dos sucedidos, ou patriarcas como queiram, mas também e de maneira agressiva pelos executivos mais tradicionais. Palavras como sucessão, Conselhos de Administração ou siglas como ESG por exemplo, ferem os ouvidos daqueles menos informados, que o mundo está em frequentes mudanças, e a cultura empresarial, segue de forma acelerada para este panorama mais inovador, que promove a organização e o desenvolvimento de forma muito eficaz.

Os paradigmas da vida empresarial, são derrubados a cada dia, em velocidade sempre crescente. Não há motivos para ter medo, tanto pelos sucedidos como sucessores, mas sim devem tratar juntos, com sobriedade sobre estes assuntos, ainda incompreendidos por tantos.

Na minha concepção, a sucessão é iniciada pela compreensão da necessidade pelo sucedido, pela vontade de seguir por este caminho pelos pretensos sucessores, pelas habilidades naturais, e pelo preparo”, conclui.

Pouco se fala sobre a preparação dos sucessores. Assim, muitos herdeiros acreditam que precisam seguir o exemplo das gerações anteriores, em vez de traçar outro caminho. O levantamento também aponta que 43% das mulheres entendem que podem ocupar cargos de liderança. Entre os homens, a porcentagem é de 59%. 25% das mulheres acreditam que é necessário mais entendimento sobre o negócio – entre os homens, esse índice é de 13%. Dentre o público feminino, 35% dizem perceber que há uma expectativa maior de que os homens se responsabilizem pela administração das empresas.

Há diversos desafios a serem superados pelos novos líderes, mas o principal deles é o de alterar o status quo. É fundamental que se conquiste a confiança da geração atual e fazê-los enxergar que os negócios podem prosperar sob o comando deles, com novas técnicas de negócio, impostas pela modernidade.

Fonte: Valor Econômico

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