Estratégia flexível é fundamental em um mundo volátil

Negócios nunca estiveram mais imprevisíveis, e se observarmos os fatores que impulsionam a imprevisibilidade em sistemas complexos, vemos que isso se intensificou na maioria dos setores da economia. O resultado disso? Aumento no número de potenciais que os executivos precisam levar em consideração ao fazer escolhas estratégicas.

Temos dois impulsionadores principais dessa imprevisibilidade. Um deles é o número de vetores de mudança.

Grande parte das indústrias é impactada hoje por mudanças em diversos vetores. A exemplo disso, temos as concessionárias de energia elétrica: o preço da eletricidade sempre foi volátil, impulsionado pelo custo do petróleo, gás e outras matérias-primas. Essa volatilidade é levada em conta pelos executivos há muitos anos. Contudo, hoje as concessionárias enfrentam novas fontes de combustível, a concorrência interestadual, entre outros fatores que afetam a demanda por eletricidade. Tudo isso deve ser levado em conta no planejamento dos investimentos, junto das ações regulatórias.

Cada vetor de mudança exige uma ampla gama de previsões de resultados e de tempo. Hoje, após 15 anos da primeira venda da Tesla, as previsões sobre a rapidez de penetração dos Veículos Elétricos a Bateria no mercado dos EUA variam muito. No final do ano passado, o Goldman Sachs projetou que esse tipo de veículo representaria 58% de todos os carros vendidos nos EUA até 2040. Seis meses depois, a empresa já elevou a estimativa para 83%. Um fabricante de peças originais que tivesse confiado na previsão anterior, teria tomado decisões diferentes de um que se baseasse nas previsões mais recentes. Esse é um dos inúmeros vetores que impactam a indústria automobilística.

O outro impulsionador são as interligações entre os vetores de mudança. O número crescente de vetores já é desafiador por si só, mas o fato de estarem inter-relacionados faz com que a movimentação em uma área interfira em outra. A globalização e os avanços nas telecomunicações e tecnologia de processamento de dados aumentaram essas interconexões, trazendo efeitos em cascata na economia.

Uma boa forma de entender como os dois fatores de incerteza interagem no aumento da imprevisibilidade, podemos considerar a previsão de tráfego. Se você precisasse estipular a melhor rota entre a sua casa e o escritório para amanhã cedo, há uma série de fatores que você levaria em consideração, certo? Volume de trânsito típico no horário daquele trajeto, fechamento de estradas, acidentes, condições climáticas…

Mas se você precisasse traçar a mesma previsão para daqui 10 anos, seria muito mais difícil. Afinal, tudo pode mudar: novas estradas podem ser construídas até lá ou talvez exista um trem de alta velocidade nesse trecho, por exemplo. Você mesmo pode não estar mais morando no mesmo bairro, ou estar trabalhando para outra empresa. Isso tudo torna praticamente impossível a escolha da rota com tanta antecedência.

É nessa situação que a maioria das empresas está hoje: enfrentando mudanças em várias frentes, e muitas delas inter-relacionadas. Em meio a essa volatilidade, líderes são solicitados a fazer escolhas que vão impactar na lucratividade e no crescimento das empresas no longo prazo.

Para traçar uma estratégia flexível, a abordagem sugerida é a de considerar cenários extremos – mas plausíveis, buscar opções estratégicas, e identificar pontos de gatilho e de sinalização. Isso torna a estratégia adaptável em caso de mudanças nas condições.

Esse planejamento deve ser feito de forma dinâmica e contínua, focado em abordar questões de maior prioridade para a empresa – gerando uma “estratégia viva”, que é executada e ajustada conforme as mudanças ocorrem.

A estratégia precisa ser vista como direção e um conjunto de etapas, com flexibilidade para adaptações. Portanto, é necessário escolher a direção certa e especificar os sinais que serão monitorados durante a execução, para que o curso seja ajustado.

Fonte: Harvard Business Review

Fale com o nosso especialista

e deixe sua pergunta.