Governança em Empresas Controladas: O Que Empresários e Famílias Podem Colocar em Prática

Governança em Empresas Controladas: O Que Empresários e Famílias Podem Colocar em Prática

Governança em Empresas Controladas

26 de maio de 2025

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Empresas controladas — como as familiares e grupos empresariais — podem ser altamente ágeis, resilientes e estratégicas. No entanto, para sustentar essas virtudes, é fundamental adotar práticas de governança que assegurem legitimidade, continuidade e integridade.

A seguir, apresentamos cinco temas centrais da governança em empresas controladas e, para cada um, sugestões práticas que podem ser implementadas imediatamente para fortalecer a gestão, as relações societárias e a sustentabilidade do negócio.

1. Formalize as decisões: confie menos na memória e mais na estrutura

A governança se apoia em clareza e previsibilidade. Em muitas empresas controladas, especialmente familiares, as decisões relevantes são tomadas em conversas informais ou fora de ambientes estruturados, baseadas em relações pessoais. Embora isso possa funcionar em contextos estáveis, tende a gerar inseguranças, desalinhamentos e conflitos à medida que a empresa cresce ou novos sócios ingressam no negócio.

Por isso, documentar o que foi decidido, com quem, com que base e com qual objetivo, cria um histórico robusto, fortalece a confiança institucional e evita ambiguidades. Além disso, permite revisitar decisões passadas com critérios claros e aprendizado contínuo.

📌 Na prática:

  • Primeiramente, institua uma agenda de reuniões periódicas entre os sócios e a liderança executiva;
  • Em seguida, registre formalmente as decisões em atas, mesmo que a empresa não tenha obrigação legal;
  • Por fim, defina claramente os papéis e responsabilidades dos sócios, gestores e conselheiros.

2. Planeje a sucessão com antecedência e critérios claros

A sucessão não é apenas a substituição de um líder. Pelo contrário, é um momento de transição que, quando mal conduzido, pode comprometer a continuidade do negócio, abalar relações internas e reduzir o valor percebido pela empresa.

Em particular, em empresas controladas, é comum a concentração de poder em uma figura fundadora. Nesse sentido, a ausência de preparação para sua saída — seja por aposentadoria, afastamento ou falecimento — deixa a organização vulnerável. Assim, um bom plano de sucessão contempla o desenvolvimento de lideranças internas, a definição de critérios objetivos e a participação de instâncias coletivas nas escolhas.

📌 Na prática:

  • Antes de tudo, estruture um plano de sucessão com cronograma, etapas e critérios de elegibilidade;
  • Além disso, identifique potenciais sucessores e acompanhe seu desenvolvimento ao longo do tempo;
  • Por último, envolva um comitê de apoio ou instância externa para qualificar a avaliação e garantir isenção.

3. Crie estruturas de governança proporcionais ao porte e à complexidade

Uma das fortalezas das empresas controladas é a agilidade decisória. Contudo, essa agilidade não pode significar isolamento ou concentração absoluta de poder. De fato, a ausência de instâncias de governança fragiliza a qualidade das decisões, reduz a diversidade de visões e dificulta a prestação de contas.

Portanto, criar estruturas proporcionais à realidade da empresa — como conselhos consultivos ou comitês temáticos — amplia a qualidade estratégica e permite exercitar a escuta qualificada. Como resultado, a governança deixa de ser concentrada em indivíduos e passa a ser sustentada por funções e processos.

📌 Na prática:

  • Em primeiro lugar, implante um conselho consultivo com membros externos experientes, com reuniões regulares;
  • Adicionalmente, avalie a evolução para um conselho de administração deliberativo, com papéis definidos;
  • Por fim, crie comitês específicos (ex.: estratégia, sucessão, pessoas) com atuação prática e foco em resultados.

4. Separe o que é da empresa do que é dos sócios

Em empresas familiares, é comum a sobreposição entre a vida pessoal dos sócios e a dinâmica do negócio. Embora natural em estágios iniciais, essa prática se torna prejudicial quando a empresa atinge certo porte, pois dificulta a mensuração de resultados reais, compromete a transparência e cria conflitos de interesse.

Nesse contexto, a distinção entre o patrimônio da empresa e o dos sócios não é apenas uma questão contábil: na verdade, é um pilar para a profissionalização, a atratividade de talentos e o acesso a capital externo.

📌 Na prática:

  • Primeiramente, formalize contratos de pró-labore, aluguéis, empréstimos e serviços prestados por sócios ou familiares;
  • Além disso, estabeleça uma política de distribuição de resultados, desvinculada de demandas pessoais;
  • Por fim, mantenha controles financeiros que permitam separar claramente o que é da empresa e o que é dos acionistas.

5. Valorize os minoritários e construa relações societárias equilibradas

Mesmo em estruturas controladas, é essencial reconhecer que todos os sócios têm expectativas e direitos. Nesse sentido, a governança busca criar equilíbrio entre o poder de decisão do controlador e a proteção dos interesses de quem não tem voto majoritário, mas é parte fundamental da história e do capital da empresa.

Caso contrário, negligenciar os minoritários pode resultar em conflitos, saídas litigiosas ou queda de confiança entre as partes. Portanto, relacionamentos saudáveis e regras claras fortalecem o vínculo societário e criam um ambiente propício para o crescimento sustentável.

📌 Na prática:

  • Em primeiro lugar, crie ou atualize o acordo de sócios com regras sobre voto, saída, herança e solução de disputas;
  • Além disso, garanta aos minoritários acesso regular às informações estratégicas e financeiras;
  • Por fim, promova espaços formais de diálogo e envolvimento em decisões relevantes.

Conclusão

A governança corporativa em empresas controladas é mais do que um conjunto de regras: em essência, é um modo de pensar o futuro com responsabilidade, legitimidade e visão de continuidade. Portanto, adotar boas práticas não exige estruturas complexas, mas sim disposição para amadurecer a forma de gerir e de se relacionar.

Baseado no documento “The Governance of Controlled Companies”, publicado pelo International Corporate Governance Network (ICGN), 2023. Este conteúdo foi livremente adaptado e desenvolvido para fins informativos e educacionais, preservando os principais conceitos e diretrizes originais.

Implantação e sustentação do
Comitê de
Estratégia

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