Erros na gestão de riscos podem comprometer seriamente a tomada de decisões estratégicas e a sustentabilidade das organizações. Nos conselhos administrativos, onde decisões cruciais são tomadas, a falta de uma abordagem estruturada para identificar, avaliar e mitigar riscos é um dos principais fatores que levam a falhas de governança.

A gestão de riscos é uma tarefa primordial para os conselhos administrativos de empresas, mas, apesar de sua importância crescente, muitos ainda enfrentam dificuldades significativas nessa área.

Entre as razões que explicam esses desafios está a falta de experiência com riscos emergentes. Temas como mudanças climáticas, cibersegurança e avanços tecnológicos são cada vez mais relevantes no cenário corporativo, mas a falta de conhecimento especializado ou experiência prática entre os membros do conselho pode dificultar a abordagem dessas questões. Isso faz com que certos riscos sejam subestimados ou enfrentados de maneira tardia, expondo as empresas a vulnerabilidades evitáveis.

Outro fator que contribui para as dificuldades é o foco excessivo no curto prazo. Conselhos frequentemente priorizam atender às expectativas imediatas dos acionistas, como lucros trimestrais ou aumento do valor das ações, em detrimento de uma visão de longo prazo. Essa pressão por resultados rápidos desvia a atenção de questões estratégicas mais amplas, como a sustentabilidade do negócio ou os impactos de mudanças regulatórias futuras. Assim, o curto prazo acaba ditando as prioridades, enquanto riscos mais complexos e de longo alcance são ignorados.

Além disso, a fragmentação dentro das organizações representa uma barreira significativa para a gestão eficiente de riscos. Empresas onde os departamentos operam de forma isolada criam uma cultura de silos, que dificulta a comunicação e impede que os conselhos tenham uma visão integrada das ameaças. Essa falta de coordenação entre as áreas torna quase impossível identificar e mitigar riscos de maneira eficaz, resultando em decisões menos informadas e estratégicas.

A estrutura de governança corporativa também desempenha um papel fundamental nas dificuldades enfrentadas pelos conselhos. Muitas vezes, essa estrutura não é adequada para lidar com a complexidade dos desafios modernos. Conselhos que não possuem comitês específicos para a gestão de riscos ou que não recebem relatórios detalhados e oportunos ficam em uma posição reativa, o que limita sua capacidade de antecipar e responder a problemas. Além disso, a falta de diversidade de perspectivas dentro do conselho pode reduzir a criatividade na solução de problemas e dificultar a identificação de soluções inovadoras.

A subestimação dos riscos sistêmicos é outro aspecto crítico. Esses riscos, que podem impactar não apenas uma empresa, mas também todo o setor ou até mesmo a economia global, frequentemente não recebem a atenção necessária. Exemplos como crises financeiras ou interrupções em cadeias de suprimentos mostram como os efeitos desses riscos podem ser devastadores. A incapacidade de compreender a interconexão e a gravidade dessas ameaças deixa as empresas vulneráveis a consequências significativas, muitas vezes irreversíveis.

Superar esses desafios exige mudanças estruturais e culturais dentro dos conselhos administrativos. Embora a gestão de riscos continue sendo um desafio, reconhecer as principais barreiras e agir para superá-las pode fortalecer a resiliência das empresas e prepará-las para navegar nesse ambiente de negócios tão dinâmico e imprevisível.

A evolução dos conselhos administrativos, alinhada com práticas modernas de governança, é muito importante para garantir que as organizações estejam bem equipadas para enfrentar os desafios do futuro.

FONTE: Board Agenda