Valuation em Momentos de Crise

Muitos empresários questionam se é possível ou viável valorizar seu negócio em épocas de crise, como a mais recente causada pela pandemia do vírus Sars-CoV-2, que ainda afeta e poderá impactar suas operações nos próximos meses. A resposta é curta e direta: Sim!

Antes de mais nada, é importante pontuar a diferença entre preço e valor:
Preço é o montante que se paga por um ativo.
Valor é uma expectativa futura de geração de retorno (benefícios econômicos).

Ou seja, preço e valor são medidas bem diferentes, e isso não muda em uma crise. Para Damodaran, renomado professor de finanças corporativas da New York Univesity, e considerado o “papa do valuation” por suas diversas contribuições no tema, a diferença entre valor e preço de uma empresa é que o valor é impulsionado pelos fundamentos, enquanto o preço é impulsionado pela oferta e demanda. Com isso, ainda segundo ele, para achar o valor de uma empresa é necessário avaliá-la em fundamentos no longo prazo e, caso não haja mudança nesses fundamentos, não se justifica por muito tempo o desconto aplicado a elas no pós-crise.

Como vimos acima, o valor de uma empresa é dimensionado pela sua capacidade de geração futura de fluxo de caixa, trazido a valor presente através de uma taxa de desconto, que envolve, entre outros fatores, sua estrutura de capital. Em uma crise, o fluxo de caixa geralmente é bastante afetado no curto prazo, porém no valuation, o longo prazo e valor de perpetuidade da empresa possui um peso bem maior. Imagine um restaurante, cuja operação era focada no atendimento presencial. Mesmo buscando a operação via delivery, é natural que suas vendas e, consequentemente sua geração de caixa, foram duramente afetadas nos meses que sucederam a pandemia da COVID-19. Entretanto, a tendência é que movimento retorne, em menos de 1 ano, a patamares muito similares antes da crise sanitária. Ou seja, em um processo de valuation desse restaurante, as projeções estipuladas para daqui 5 ou 10 anos seriam bastante semelhantes antes e depois da pandemia, refletindo em uma valoração muito similar.

A taxa de desconto é também impactada no curto prazo devido ao aumento de risco, porém tende a se dissolver no longo prazo. Como a avaliação está muito ligada ao longo prazo, a combinação desses fatores acaba tendo um impacto bem menor do que se imagina na valoração do negócio, pois os fundamentos persistem. Por fim, as alterações na estrutura de capital da empresa, que em momentos de crise tendem ao aumento da dívida líquida, é um componente sensível nos ajustes para cálculo do valor para o acionista.

Entretanto, é muito importante que o avaliador capte e estruture com bastante assertividade e poder de defesa todas as premissas que embasam o momento no curto e longo prazo, a fim de dar sustentação ao valuation. E esse é um trabalho complexo e técnico, que precisa de conhecimento e profundidade.

Fonte: Expert XP 2020, XP Investimentos.

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