Uma estratégia fadada ao fracasso

Muitos executivos ainda não desapegaram do antigo e pesado comando e controle, o que afeta diretamente o desenvolvimento das empresas. Os tempos mudaram e vivemos em um período que a prontidão para a mudança é muito mais relevante que o tradicional modo de comandar, ter prontidão para mudança requer o compartilhamento das decisões, empoderamento dos times e clareza do que será trabalhado. Hoje, o mundo é muito mais dinâmico e as situações mudam com muita rapidez em comparação com vinte ou trinta anos atrás. Dentro deste cenário, encontramos três pontos comuns em empresas que definem sua estratégia na contramão deste modelo e acabam criando estratégias fadadas ao fracasso: a falta de dados para a definição da estratégia; a falta de comunicação; e a falta de pertencimento de todos os níveis da empresa em relação à estratégia.

É importante resgatarmos o conceito de estratégia antes de falarmos sobre estes três pontos. Estratégia pode ser definida em como direcionar os recursos ao caminho da vitória. É sobre escolher qual o caminho seguir, onde cada recurso terá a melhor performance e alcançará seu objetivo. Além disso, a estratégia é ter clareza sobre o que não fazer, sobre o que abrir mão agora. Estratégia é foco!

Existe um ponto fundamental que muitas vezes não é analisado pelos executivos e impacta diretamente a definição da estratégia, que é a escassez de recursos versus a quantidade de necessidades que uma empresa possui. A quantidade de necessidades é infinita, porém a quantidade de recursos é limitada. Ter consciência de quais são seus recursos, ou onde é melhor aplicá-los, é fundamental para atingir os objetivos de curto, médio e longo prazo.

Mas, voltando para os três principais pontos de uma estratégia fadada ao fracasso, vamos explorar cada uma delas de forma que possamos refletir melhor para qual caminho a estratégia atual está nos levando.

A falta de dados para a definição da estratégia é um dos principais pontos que levam as empresas a trabalharem com base na tentativa e erro. Muitos executivos, de acordo com a sua bagagem profissional, acabam definindo objetivos com base em suas experiências, deixando de lado os dados da empresa e do mercado – desconsideram suas fontes valiosíssimas de dados e o conhecimento dos colaboradores que os gerenciam, e desta forma, acabam criando estratégia que algumas vezes podem dar certo. Como diz um antigo ditado “Até mesmo um relógio parado está certo duas vezes por dia”, e acabam perdendo o potencial que teriam em explorar toda a estrutura para a execução da estratégia e para potencializar os resultados.

Estes executivos acabam impondo a estratégia e alguns líderes de alto nível têm a compreensão dos desafios, mas a base toda fica sem entender qual o seu papel dentro deste cenário: o grande problema fica na falta de comunicação. Todos os níveis da empresa precisam saber por qual motivo a estratégia é o melhor caminho a seguir e quais serão os resultados atingidos. Desdobrando desde o nível executivo até o nível operacional, todos precisam ter clareza no papel que desempenham e como eles contribuem para a estratégia global da empresa.

De acordo com uma pesquisa realizada pela A.T Kearney que entrevistou 2010 líderes e executivos globais, 81% dos executivos estão satisfeitos com a estratégia, enquanto apenas 52% dos líderes concordam com a estratégia definida, deixando evidente a variação entre os altos níveis das empresas. Para 39% dos entrevistados a estratégia é falha nas suas fases de formulação e desenvolvimento. Se temos toda esta variação de entendimento entre os executivos e a alta liderança, imagine para os demais níveis da empresa.

Chamo atenção para algumas frases citadas nesta pesquisa: “Nas grandes empresas, a formulação da estratégia é muito complexa e muito de cima para baixo, fazendo com que a organização tenha que correr atrás. E, antes que ela consiga alcançar, a próxima estratégia já chega.”e “o planejamento estratégico acontece numa torre de marfim, com indivíduos que não fazem a menor ideia do que acontece no nível da implementação.” Quando a estratégia é definida desta forma e gera este pensamento, falta o pertencimento de toda a empresa, logo a estratégia definida está fadada ao fracasso.

Para reverter este cenário, é necessário que muitos executivos se disponham a aprender, a serem mais flexíveis e envolvam mais níveis da empresa na definição e na execução da estratégia, bem como ter um trabalho ativo na comunicação destes objetivos, sempre trazendo clareza de como todos têm um papel fundamental neste processo. Para isto é preciso ter coragem, abandonar o jeito antigo de pensar e se permitir explorar o novo. Desta forma, a empresa sairá da média do mercado e dará um grande passo ao sucesso, não pela decisão de alguns, mas pela força de todos.
Como é definida a estratégia na sua empresa? Reflita.

Fonte: A.T. Kearney – The State of Strategy Today

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