Quando o objetivo é prosperar, desempenho financeiro não é tudo

Sociedades por ações realizam anualmente a assembleia geral ordinária de acionistas, com o objetivo de prestar contas da administração, examinar e discutir as demonstrações financeiras do ano anterior, discutir o destino dos resultados sociais e eleger administradores da companhia.

O ambiente de negócios está com complexidade cada vez mais intensa, diante de cenários extremos e diversos, o que gera inúmeros desafios. Nos deparamos atualmente com incertezas econômicas, geopolíticas e climáticas, tecnologias disruptivas, questões de cibersegurança, ética e cultura corporativa, entre outros tópicos. Agora, mais do que nunca, é imprescindível que se cumpram as boas práticas de governança corporativa.

Enquanto investidores deixam a responsabilidade nas mãos do conselho de administração, demandando eficiência operacional, retorno financeiro e valorização das ações, empresas precisam oferecer respostas positivas aos stakeholders – os quais podem ter interesses afetados pelas realizações dos objetivos de uma organização. O desempenho das empresas é julgado por meio de métricas e parâmetros, e não somente pelo valor de suas ações. Diante disso, revela-se uma nova narrativa: para prosperar, o desempenho financeiro é apenas mais um fator. Modelos de gestão devem incorporar as dimensões social e ambiental à estratégia de negócios da empresa. Promover a qualidade de vida, inclusão social, etc.

Companhias buscam, de algum tempo pra cá, maneiras de demonstrar compromisso com países e regiões onde fazem negócios. Mudam suas decisões de investimento com base em metas que não são pautadas necessariamente pela lógica financeira.

O conselho cumpre o papel de elo entre sócios e diretores, e tem a função de orientar e supervisionar a relação da gestão com os demais interessados, garantindo que cada um receba um benefício apropriado e proporcional ao vínculo que possui com a organização. A mais importante recomendação é possuir a maioria dos conselheiros externos e independentes. O resultado é a presença de conselheiros independentes como alternativa para as empresas.

A contribuição dos conselheiros independentes é focada no processo decisório, além de reforçar a objetividade e proteger os interesses da organização, mitigando eventuais conflitos de interesse ou influências. Ao agir de forma independente, o profissional examina com cautela os fatores que afetam cada questão, pesando prós e contras, e não age de forma tendenciosa.

O conselho de administração é um dos ativos estratégicos mais críticos de uma companhia. É preciso aproveitar as opiniões divergentes no momento de resolver problemas e inovar. Criatividade e dinamismo são chaves da governança eficaz.

Vale ressaltar que a relação entre independência e efetividade dos conselhos é complexa, pois métricas e critérios de avaliação da efetividade são alvo de discussões. Com evidências empíricas, fica implícito que conselheiros independentes podem cumprir o papel de mediação no alinhamento entre stakeholders e a ascendência deles sobre a gestão. É primordial garantir que essas relações sejam gerenciadas como parte da gestão integrada de riscos – isso fortalece a execução da estratégia. Na maioria das empresas, essa interlocução com os stakeholders é limitada à gestão da reputação ou gestão de crises, a depender do cenário.

Importante destacar que não podemos definir a independência como única contribuição de um conselheiro de administração. O profissional é atuante ao fazer perguntas difíceis, reconhecer as boas práticas de governança, gestão da administração estratégica, questões financeiras, comerciais e tributárias, focando sempre em gerar valor e sustentabilidade de longo prazo da companhia.

Fonte: IBGC

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