Mato Grosso e a crise de identidade brasileira

Nos últimos 20 anos, o estado do Mato Grosso tornou-se um dos maiores produtores mundiais de uma safra tão lucrativa, que os moradores locais chamam o local de “ouro verde”. Essa disparada se deu após mudanças geopolíticas, como a ascensão da China e a demanda insaciável por produtos alimentícios, além da chegada de líderes como o presidente Jair Bolsonaro, visto por muitos no Mato Grosso como ídolo.

Contudo, a destruição ambiental e extração violenta de recursos vem prejudicando a imagem internacional do Brasil. O Mato Grosso agora é dominado por vastas plantações agrícolas. No trecho norte, onde está a floresta amazônica, há um ponto de desmatamento ilegal.

O produtor de soja e diretor da Aprofir, Rodrigo Pozzobon, se diz otimista. Isso porque a China não tem outra opção de importação da soja se não o Brasil.

O Mato Grosso agora representa um território de fronteira em expansão, e desempenha papel fundamental na determinação do futuro do país. Em entrevista para a Weekend Magazine, a Famato, uma associação que representa os produtores agrícolas do Estado, disse acreditar em um novo Brasil – que nem mesmo os brasileiros conhecem.

A soja cultivada é transportada pela BR-163, que atravessa o país de norte a sul, é uma peça vital de infraestrutura. É assim que se conectam cidades de rápido crescimento no Mato Grosso, como Sinop e Sorriso a Cuiabá.

De acordo com Pozzobon, o Mato Grosso é o único Estado que cresceu durante a pandemia da covid-19. O motivo é simples: as pessoas pararam de fazer quase tudo, mas continuaram se alimentando.

A agricultura representa 22% do PIB brasileiro, e especialistas não veem sinais de desaceleração no setor. Desde a chegada dos portugueses ao país, em 1.500, booms agrícolas são um traço característico da economia do Brasil. Açúcar, café, cacau… a corrida do ouro, em Minas Gerais. Porém, esses booms ocorrem em terras fartas, ideais para cultivo, com acesso a navegação e logística. O Mato Grosso não tem nada disso, mas o cenário mudou quando foram desenvolvidas tecnologias de modificação genética de safras e novos métodos de fertilização do solo – novidades que permitiram a produção de milho, algodão e soja.

Esse processo foi estimulado pela ascensão da China, o aumento da demanda por carne e da demanda por matérias-primas, como a soja, necessária para alimentar o gado. Nos últimos 10 anos, o Brasil aumentou a produção de soja – também utilizada na produção de óleos. O salto foi de 75 milhões de toneladas para mais de 130 milhões de toneladas em 2020. Os números ultrapassam a produção dos EUA, e o país então passou a ser o maior produtor do mundo. A produção de milho, por sua vez, quase dobrou para 105 milhões de toneladas.

É uma pena que os brasileiros não enxerguem a verdadeira face do Mato Grosso, que acaba conhecido pelo clima sufocante, e não por ser o motor emergente da economia do país. O estado supera São Paulo em termos de PIB agrícola.

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