Importância da governança para chegar ao IPO

Ao menos 80% das empresas que fizeram IPO, ou oferta inicial de ações, na B3 durante as últimas duas décadas, ingressaram diretamente na listagem Novo Mercado. Isso atesta que o segmento consolidou-se como principal segmento na bolsa brasileira.

Mas por quê o Novo Mercado é mais atrativo, sendo que exige mais das companhias? Antes de responder essa pergunta, André Kraemer, associate partner da C&S, explica melhor o contexto em que está inserido o IPO.

“Com a redução da taxa básica de juros da economia no Brasil, as aplicações financeiras de baixo risco estão sendo penalizadas, um movimento que apesar de se configurar novidade por aqui, é o normal em países desenvolvidos. Daí a força do mercado de capitais nesses países como forma de investimento.

Com essa mudança, investidores institucionais e não institucionais estão buscando outras formas de investimento com maior rentabilidade, mas sempre tentando não correr riscos muito altos. O novo mercado da B3, com as suas regras mais rígidas de padrões de Governança Corporativa, promove a transparência nas empresas e reduz o risco percebido. O Novo Mercado foi a opção de 80% dos IPOs nos últimos 20 anos.

E esse movimento está beneficiando também as empresas de menor porte, que, dadas as regras claras de Governança, estão conseguindo participar do mercado de capitais mesmo com IPOs de valores mais baixos comparando com a média da bolsa.

E para as empresas familiares que têm a intenção de realizar um IPO no futuro, estas não podem tardar no início de sua jornada para a governança.

Finalmente, até para as startups esse é um ponto importante. A governança corporativa traz práticas adequadas a cada momento da startup, e estar alinhado a essas práticas traz benefícios para a captação de recursos junto a investidores.”

Flavia Mouta, diretora de emissores da B3, contou em entrevista ao blog do IBGC que esteve em um evento do instituto onde a ex-presidente da CVM, Maria Helena Santana, disse que o Novo Mercado transformou a governança em cifrões. Flavia considera a fala emblemática, pois há ainda quem considere a governança corporativa como algo abstrato. Contudo, quando uma empresa vai para o Novo Mercado, que é o principal segmento de listagem de governança corporativa da bolsa brasileira, e consegue de R$ 500 milhões a R$ 1 bilhão, os olhos brilham, pois é a prova de que a governança é eficaz.

Nas palavras dela, “o Novo Mercado faz da governança algo do mundo real”. As boas práticas têm o poder de ajudar o empreendedor a desenvolver seu negócio, crescer o empreendimento e, consequentemente, desenvolver o país. O Novo Mercado, portanto, faz da governança corporativa um mundo real e palpável.

Em maio deste ano, foi divulgado comunicado a respeito da concessão de prazo adicional para que as empresas ingressantes no Novo Mercado possam se adaptar às regras do segmento de listagem. Assim, o mercado de capitais fica mais adaptado e mais atraente às ofertas iniciais de ações de empresas menores.

Ainda na conversa com o Blog do IBGC, a diretora de emissores da B3 disse que o fato de 80% das companhias listadas buscarem o Novo Mercado nos últimos 20 anos se deve aos critérios e às regras que impõem adaptações nas empresas, como a obrigatoriedade do comitê de auditoria, por exemplo, que é uma estrutura grande de fiscalização e controle dentro das corporações.

Ela ressalta que há algum tempo existia uma crença de que o Novo Mercado solucionaria e evitaria todo tipo de não-conformidade. Mas, quando acontecia da empresa não ficar dentro das regras, sempre se questionava o que havia acontecido numa companhia listada no Novo Mercado. Na verdade, o Novo Mercado é uma série de regras que ajudam a mitigar riscos de governança, mas não é a solução para todos os problemas. A listagem, sozinha, não garante tudo.

Para empresas que buscam IPO, a orientação é: acredite que a companhia aberta será melhor e irá prosperar de uma maneira melhor. Tenha em mente que, ao abrir o capital, a empresa não deve manter a mentalidade de companhia fechada. Será preciso compartilhar a gestão da companhia, tendo clareza em relação ao passo que está sendo dado. O IPO não deve ser feito só porque o mercado está aquecido e por possibilitar uma entrada de capital – isso não irá funcionar. Mas, ao se aplicar conceitos de governança baseados nas estratégias do Novo Mercado, mesmo com a companhia ainda fechada, tornará a trajetória até o IPO mais tranquila.

Fonte: IBGC

Equipe Técnica

Profissionais Multidisciplininares

Fale com o nosso especialista

e deixe sua pergunta.