História da Kodak nos ensina sobre o futuro dos semicondutores

Há poucos erros corporativos tão impressionantes quanto as oportunidades perdidas da Kodak na fotografia digital. A crítica é forte, mas a maioria dos erros corporativos parece óbvio com o benefício da retrospectiva. A chave aqui é antecipar rupturas com visão e atitudes corajosas.

Em 1980, a Kodak comemorou seu centésimo aniversário. À época, já havia estabelecido uma liderança absoluta na produção de materiais fotográficos. Apesar do equipamento fotográfico estar se tornando algo cada vez mais acessível naquela década, a fabricação das fotografias em si era um processo caro e demorado, e chegava a levar semanas para que um filme revelado fosse entregue ao dono.

Isso já mostrava que o tempo necessário para ver o resultado final era um ponto negativo na satisfação da experiência do usuário. No momento em que se recebiam as fotografias reveladas, o evento capturado já estava no passado. O custo e a falta de feedback afetaram os comportamentos.

Nessa mesma época, as câmeras instantâneas se popularizaram pela Polaroid e resolveram diretamente esses problemas. O filme auto-revelável criava uma impressão logo que a fotografia era tirada. Os materiais eram de alto custo e com qualidade ruim, mas essas câmeras ofereciam a oportunidade da satisfação e feedback imediatos, permitindo ajustes necessários.

Tais equipamentos tornaram-se um nicho, e ainda podem ser comprados nos dias de hoje, embora não dominem o mercado. O negócio central da Kodak seguiu prosperando, atingindo o preço de ação mais alto de todos os tempos em 1997.

Os negócios da Kodak foram prejudicados pela digitalização generalizada da fotografia. A empresa não conseguiu aproveitar a velocidade da inovação e o efeito transformador que a mídia digital teria. Mesmo tendo as chaves para a tecnologia, a Kodak falhou em capitalizar essa vantagem.

Hoje, smartphones oferecem uma qualidade cada vez maior e fotografias de nível profissional passaram a ser democratizadas. O filme é uma memória distante. O que essa história nos ensina?

É possível traçar um paralelo entre a história da Kodak e o negócio de semicondutores. Ironicamente, a tecnologia depende de técnicas fotográficas para sua fabricação, e está repleta de desafios criativos e de fornecimento, que sugerem uma disrupção semelhante.

No momento, o design de semicondutores é demorado e exige alto investimento. Os usuários, profissionais altamente especializados, precisam esperar anos para determinar o sucesso. Os custos do fracasso são enormes, já que não há como voltar atrás e as oportunidades são perdidas para sempre. A dinâmica do design tradicional se torna cada vez mais problemática nos mercados de consumo mais rápidos, embora segmentos tradicionalmente mais lentos – como setor industrial e automotivo, estão começando a se desgastar.

Os negócios de semicondutores que caminham para a mesma paralisia estratégica da Kodak, provavelmente falharão, e o resultado será muito familiar. Uma reação da indústria é a matriz de portas programáveis em campo (FPGA), que forneceu a flexibilidade de uma tela em branco durante décadas e tratou do tempo e das despesas de obter um produto semicondutor no mercado. O rápido feedback do mercado permite adaptação, e isso aumenta a probabilidade de sucesso comercial.

Apesar disso, os dispositivos são caros e a qualidade dos resultados não é boa o suficiente para muitos usos. É como se fosse uma câmera instantânea: encontrou seu nicho, mas ainda não decolou.

O futuro da indústria de semicondutores pertence às plataformas que podem imitar o efeito da fotografia digital – com resultados instantâneos e redução drástica do ciclo de feedback, maximizando a chance de sucesso. Para que isso aconteça, é preciso um meio que maximize a amplitude e a velocidade de expressão para o programador de software, e isso pode vir na forma de uma plataforma flexível pronta para uso para entrega de criações, com baixo consumo de energia e produção acessível.

Tal realização pode produzir um efeito sísmico comparável à digitalização da fotografia. Em um mercado de semicondutores amplamente previsto para ultrapassar US$ 600 bilhões em 2022, as recompensas serão excelentes para aqueles com coragem e criatividade para fazer acontecer.

Fonte: Forbes

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