Habilidades fundamentais de um Conselheiro de Administração

Com a pandemia da covid-19, o mercado de trabalho sofreu drásticas transformações. Isso atingiu profissionais e organizações do mundo todo, e refletiu no perfil de conselheiros buscados no último ano. O olhar estratégico continua sendo a primeira competência exigida, mas outras habilidades, chamadas soft skills, ganharam peso. Dentre elas, está o entendimento sobre gestão de pessoas.

Hoje, para integrar o conselho, é preciso saber lidar com temas ligados à estratégia de retenção, atração e engajamento de talentos – muito além das finanças. Tais assuntos também contemplam políticas para o trabalho em home office, que esteve em alta durante a crise sanitária e, aparentemente, veio para ficar. Esses são tópicos que passaram a permear as decisões sobre negócios, extrapolando os comitês de gestão de capital humano.

Uma pesquisa sobre tendências e insights relacionados a conselhos de administração, realizada com conselheiros de 127 companhias de grande porte do mundo todo, aponta que 80% dos entrevistados já passaram mais tempo nos conselhos discutindo sobre gestão de talentos nos últimos dois anos. O tema antes ocupava no máximo 5% do tempo das reuniões, e hoje esse tempo subiu para mais de 30%.

A perspectiva estratégica está empatada em primeiro lugar, ao lado da habilidade de gestão de talentos. As duas competências foram citadas como as mais importantes para os próximos 5 a 10 anos por 71% dos conselheiros participantes do estudo. Esta foi a primeira edição em que a gestão de talentos subiu no ranking de competências, desde que o levantamento passou a ser feito.

Foram listados tópicos que devem tomar mais tempo dos conselhos no futuro. Em primeiro lugar, estão os assuntos relacionados à sigla ESG. Em seguida, a cibersegurança. E em terceiro lugar, investidores ativistas. Questões relacionadas ao meio ambiente devem figurar entre as mais difíceis de serem equacionadas nos conselhos nos próximos anos – isso pela complexidade do cenário da cadeia global de suprimentos (guerra da Ucrânia), e intensificação do ativismo de investidores. Em todo conselho atual há alguém que defende o ESG, mas apesar da importância dessa agenda, é fundamental que o conselheiro tenha conhecimentos financeiros e de estratégia, além de entender das questões ambientais, sociais e de governança.

De acordo com o estudo, o que mais falta nos conselhos é o executivo de companhia digital, seguido da diversidade de raça, etnia e outras minorias. A falta de mulheres nos boards figura na terceira posição da categoria. Além disso, os entrevistados também citaram a falta de perspectiva dos jovens millennials e empregados da geração Z nos conselhos. Há assuntos que nunca vão sumir da agenda dos conselheiros e seguem em alta. Como exemplo, temos a estratégia da corporação e a sucessão do CEO.

A proporção dos conselhos se manteve no último ano, segundo o estudo. Contudo, brasileiros participaram de mais reuniões, passando de 26 a 35 dias dedicados a isso, enquanto os demais dizem ter dedicado entre 15 a 25 dias aos encontros. A perspectiva para 77% dos brasileiros este ano é que entre 26% e 50% dessas reuniões aconteçam de forma virtual.

Fonte: Valor Econômico

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