Governance Officers devem ser polímatas?

Um artigo elaborado por Loren Wulfsohn, Global Head, Policy e Stakeholder Engagement do HSBC, enumera os principais temas em que o Governance Officer deve atuar diretamente ou provendo recomendações, sob orientação do presidente do conselho.

Intitulado “The Company Secretary as Polymath”, a autora sugere temas como sucessão do conselho; nomeação e destituição de conselheiros; sucessão de presidentes, tanto do conselho quanto dos comitês; conformidade com a ética corporativa; conflitos de interesse e negociação de ativos e títulos; estrutura corporativa; cumprimento dos normativos aplicáveis; avaliação do conselho, comitês e conselheiros; e também tendências de governança.

Diante disso, podemos observar com convicção que o Governance Officer é basicamente uma ponte de informação, comunicação, aconselhamento e alinhamento entre o conselho, a gestão e stakeholders. A função dele também envolve apoiar o Presidente do Conselho na criação das culturas e ambientes adequados para que as estruturas, políticas e processos de governança corporativa sejam eficazes.

O Governance Officer é como o braço direito do presidente do conselho, e ocupa um papel único entre os demais agentes do sistema de governança e o conselho. O profissional deve garantir a conexão necessária entre os órgãos e a integração dos temas de governança para a sustentabilidade dos negócios e criação de valor, tanto para a organização como para as demais partes interessadas.

Voltando ao artigo, a autora comenta que se espera dos Governance Officer que sejam polímatas. Isso é, aquele muito instruído em vários campos de estudo, já que precisam ter um amplo conhecimento sobre vários aspectos e deve desempenhar todas aquelas funções que foram citadas de forma simultânea. Portanto, o papel histórico e tradicional do Governance Officer está longe das expectativas atuais e contemporâneas.

Ao determinar os atributos e compreender o real papel do profissional moderno após a crise financeira global, foi reconhecido que um Governance Officer deve ser dinâmico. Contudo, isso não exclui a necessidade de uma administração eficaz, habilidades administrativas excepcionais, etc.

Para que agregue valor ao conselho, o Governance Officer deve estar organizacionalmente consciente, se mostrando ciente não apenas das estruturas da organização, como também dos principais objetivos e prioridades estratégicas, habilidades e capacidades multidisciplinares para avaliar implicações, ameaças e oportunidades potenciais, etc.

Se o profissional pode ou deve ser considerado um diretor prescrito da empresa, isso é algo a ser questionado. Administradores prescritos são aqueles que, apesar de não serem administradores daquela sociedade, exercem ou participam regularmente, de forma significativa, no controle executivo geral e gestão mesmo que parcial dos negócios e atividades.

A categoria de profissionais que podem ser considerados diretores prescritos é extremamente ampla e costuma incluir todos os membros da diretoria executiva e da alta administração, que não sejam diretores do conselho.

Loren Wulfsohn reforça que, embora muito tenha sido escrito sobre o papel tradicional e as principais responsabilidades de um Governance Officer, esses estudos não são suficientes para preparar completamente o profissional para a tarefa desejada. A função mudou e isso é indiscutível. O papel do Governance Officer não é mais o mesmo de uma década atrás, muito menos de cinco anos atrás.

O fundamental é que o indivíduo seja organizado, conectado, que mantenha a calma, esteja sempre em crescimento e não tenha medo de desafios. Isso permite que seja cumprida a função, deixando que o conselho se concentre na tomada de decisões e estratégia, sabendo que há alguém cuidando das burocracias.

O melhor conselho para aqueles que estão iniciando na governança corporativa seria permanecer firme no compromisso de implementar as melhores práticas de governança.

Fonte: IFC Corporate Governance Group

Gustavo Franceschi

Governance Officer

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