Família empresária e dimensões de sucessão

Um dos maiores desafios para a governança das empresas familiares é o processo sucessório. Diante da importância e complexidade que representa para a longevidade de uma empresa familiar, esse momento deve ser encarado como processo estratégico, que requer profissionalismo, previdência, comprometimento e zelo individual e coletivo. Planejar e gerenciar a sucessão é vital para a família empresária.

O processo de sucessão acontece em 3 dimensões, quando falamos no sistema da família empresária. Ocorre na liderança da família, no exercício da propriedade e na gestão do negócio da família. Na gestão do negócio, a sucessão pode considerar profissionais familiares ou não. A realidade é que poucas empresas familiares passam da segunda geração, e uma parcela ainda menor sobrevive à terceira. Os obstáculos na transição geracional são inúmeros.

Para mitigar riscos, é fundamental o planejamento cuidadoso do processo de sucessão, para contribuir com a longevidade da família empresária.

A família empresária moderna também tem passado por transformações. Tem se tornado mais diversa, mais dispersa geograficamente e menos conectada com o tradicional negócio familiar. Em muitos núcleos empresariais familiares, há a preocupação de conciliar a carreira das novas gerações – em muitos casos, são segmentos fora do negócio familiar. De acordo com uma pesquisa do Cambridge Institute for Family Enterprise, a ascendente geração de Millenials está bem mais interessada em empreendedorismo que as gerações passadas, porém menos interessada em se juntar ao negócio tradicional da família.

Além disso, os princípios das gerações estão cada vez mais desalinhados. Líderes modernos aproveitam a maior expectativa de vida para prolongar suas carreiras. Já as gerações mais novas querem assumir posições de liderança na juventude. Tal sobreposição de expectativas para a liderança cria um desafio significativo para o processo de sucessão nas empresas familiares.

Líderes de negócios familiares devem avaliar e desenvolver a prontidão de seus sucessores para o futuro, focando menos em qualificações operacionais e mais na habilidade de tomada de decisões estratégicas.

O processo de sucessão em famílias empresárias envolve aspectos estratégicos e socioemocionais. O planejamento e gestão desse processo contribuem para a longevidade do negócio.

O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), evidenciou através da publicação Governança em Empresas Familiares, que a preparação dos herdeiros é realizada de diferentes maneiras, como:

• investimento em formação superior, cursos técnicos e especializações, tanto no Brasil quanto no exterior;
• alocação dos herdeiros em cargos de gestão ou operacionais da empresa, de modo a adquirirem conhecimento sobre o funcionamento da corporação;
• criação de treinamentos ou planos de formação pela própria empresa para o acionista/herdeiro; e
• criação de programa de trainee específico para os membros da família.

Para o ingresso de familiares na gestão da empresa, as boas práticas recomendam a definição de regras, critérios e diretrizes alinhadas às práticas de mercado e aos preceitos válidos para os demais funcionários. Essas regras podem estar no Protocolo Familiar. O Conselho de Família, por sua vez, pode apoiar na preparação das novas gerações para que se tornem bons sócios, conselheiros e gestores, estimulando todos os membros da família empresária para que busquem informação e formação para desempenharem, da melhor forma, diferentes papéis.

É parte do processo planejar o futuro do sucedido. Designá-lo para uma posição no conselho de administração ou no conselho consultivo pode ser um bom caminho. Posteriormente, a geração sênior pode aplicar o conhecimento e experiência no conselho de sócios, na governança familiar e etc. É preciso oferecer novas e interessantes oportunidades aos sucedidos.

Fonte: IBGC

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