Família, Empresa & Gestão

Na terceira matéria sobre governança corporativa, vamos tratar de um tema bastante distorcido nas empresas familiares ou de dono. Ao mesmo tempo em que se organizam os departamentos de produção, comercial contábil, de controladoria e administrativo financeiro, é necessário que sejam abordados temas mais íntimos, como quando há o entrelaçamento entre a família empresária, a empresa e a gestão da empresa.

Embora a família possa ter a maioria ou totalidade das quotas ou ações, não necessariamente seus membros devem estar à frente da administração, conforme já descrito nas matérias anteriores. É necessário um estudo técnico, com cada membro da família, primeiro para ver seu preparo, para em seguida, entender suas aspirações profissionais e pessoais. Em muitos casos, a pessoa não quer desempenhar uma atividade na empresa, mas é forçada pela família. Em não tendo preparo, e já estando a desempenhar algum trabalho no negócio, é fundamental que seja feito um aconselhamento profissional e pessoal, envolvendo profissionais multidisciplinares, para uma recolocação no mercado de trabalho.

A permanência deste membro da família, além de não ter produtividade por falta de profissionalismo, se torna alvo de verdadeira desmoralização perante os demais funcionários do negócio. É péssimo para toda a organização.

Deve haver uma separação, do que é família, e o que é empresa. São distintas, porém seus membros podem ter suas funções transferidas ou para o Conselho de Acionistas, ou para o Conselho de Administração, ou para o Conselho de família ou como Acionistas/ Quotistas, votando nas Assembleias, e escolhendo os profissionais que melhor os representarão. Deve também ser montado um local apropriado, para que exerçam suas novas funções, que são os escritórios de família – family offices para os americanófilos, com uma estrutura organizacional adequada, e que deste local, possam entender, acompanhar e desempenhar funções apropriadas as suas formações.

A empresa, deve ter sua personalidade jurídica própria, organização e direção corretamente amparada por profissionais preparados, que podem ou não serem membros da família.
Grande parte das empresas em dificuldades, e porque não dizer na quase totalidade, têm na sua direção, pessoas despreparadas, que agem, principalmente durante as fases de dificuldades, com o coração e não com a técnica apropriada e com a razão.

Não é demérito algum, não estar à frente do negócio ou negócios da família. Ao contrário, é prova de inteligência, quando se escolhe profissionais competentes para esta tarefa, e se prepara para estar em um dos Conselhos, ou apenas como Acionista ou Quotista, deliberando sobre as matérias que cabem a estas esferas da Governança Corporativa.

Gestão é para quem se preparou profundamente para exercê-la, e continuamente estuda as transições que ocorrem diariamente no mundo empresarial.

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