Estamos prontos para lidar com a dependência de softwares?

Com a inserção da tecnologia no cotidiano, estamos cada vez mais dependentes de softwares. Empresas, inclusive as de grande porte, encontram dificuldades em fazer esses softwares funcionarem.

É o caso da Volkswagen, com o novo ID.3, o primeiro carro totalmente elétrico produzido em massa pela empresa. É o primeiro passo da montadora alemã para se reinventar no segmento elétrico, o que torna esse modelo o mais importante desde o Golf original, lançado em 1976. Só que o lançamento do ID.3 está atrasado, por causa do software. O sistema é um grande diferencial de venda hoje em dia, oferecendo conectividade com smartphone e assistência para estacionamento com realidade aumentada. Mas inicialmente, o modelo pode ser lançado sem a tecnologia, que talvez só seja adicionada posteriormente.

E a Volkswagen não é a única empresa grande com dificuldades do tipo. No ano passado, bancos britânicos apresentaram interrupções online que danificaram atualizações, deixando milhões de clientes sem conseguir realizar ou receber pagamentos. As instituições financeiras foram punidas de forma severa por essas falhas.

Companhias aéreas são mais um exemplo. Os aviões agora precisam ser desligados e reiniciados a cada 51 dias, para que os computadores não exibam dados falsos durante algum voo. Em 2017, alguns aviões fabricados pela Airbus chegaram a precisar de um restart a cada 149 horas.

Os softwares são atualizados com muita frequência, o que traz dificuldades para as companhias grandes acompanharem. Mesmo porque, quando falamos em programas de computador, uma simples pontuação incorreta pode mudar totalmente o comportamento de um sistema.

A média de erros dos programadores é de 0,5 a 50 em cada 1.000 linhas de código que escrevem. Carros e aeronaves contam com dezenas de milhões de linhas, e as chances de um sistema perfeito são zero. Os bugs podem não levar a uma catástrofe, mas colocam em jogo a produtividade da empresa. Segundo uma pesquisa encomendada pelo Stripe, um desenvolvedor médio gasta 21h semanais corrigindo códigos antigos ou ruins.

Os problemas de programação são agravados pelo déficit da engenharia de software como profissão. Muitos codificadores são autodidatas, o que leva a maus hábitos, que os cursos especializados não conseguem corrigir. Há pouca comunicação entre os meios acadêmico e industrial, sem acordo real sobre o que ensinar e quais hábitos devem ser estimulados.

A grande dificuldade não é fazer um sistema que funcione, mas mantê-lo funcional com o passar do tempo, sem que se torne obsoleto.

Voltando à Volkswagen, a empresa está fazendo o possível para resolver os problemas relacionados ao software do ID.3, e gastou U$ 8 bilhões em uma nova “unidade digital”. Mas tudo indica que gastar dinheiro com a criação de software não é garantia de sucesso.

Fonte: The Economist

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