Construindo relacionamento transparente com fornecedores

A pandemia afetou empresas de todos os setores em relação à cadeia de suprimentos. Contudo, vale ressaltar que muitos dos desafios que apareceram foram somente potencializados pela crise sanitária, e não causados por ela. Os problemas refletem na precariedade do relacionamento entre empresas e fornecedores de produtos e componentes. É preciso trabalhar junto aos fornecedores para que exista transparência em relação às fontes, disponibilidades e durabilidade dos produtos e matéria-prima.

A maior parte das companhias têm a compreensão de que a transparência pode afetar a capacidade de fabricar e entregar produtos. Mas poucas delas aplicam um processo disciplinado, exigindo que fornecedores disponibilizem informações importantes para a produção. Em vez disso, esperam que as informações críticas sejam fornecidas ou tentam coletar e gerenciar a questão por conta própria, sem a profundidade necessária ou sem os detalhes que somente os fornecedores possuem. O resultado é a reação das empresas a eventos negativos, em vez de planejá-los. Focam no custo de produtos ou matéria-prima, em vez de prestar atenção aos riscos inerentes à cadeia de suprimentos.

Para Fernando Bertozzo, especialista da C&S em Transações Corporativas e S&OP, é fundamental a mudança desse comportamento.

“Empresas que não têm o hábito de compartilhar as preocupações relacionadas ao risco com os fornecedores podem muitas vezes nem saber onde esses fornecedores devem colocar as preocupações. A atenção deles pode estar voltada às penalidades dos prazos de entrega perdidos, ao invés das causas raízes. Pedidos de cotação de fornecedores são focados em preços e prazos, e não exigem informações sobre comércio regional e outras questões, como o compromisso do fabricante com as práticas éticas da cadeia de abastecimento”.

Uma dica de ouro é que sejam desenvolvidas relações que definam e alinhem formalmente os interesses do comprador e do fornecedor. Invista seu tempo e construa esse tipo de suporte não transacional de alto nível. As relações devem ser baseadas em confiança, para que os fornecedores fiquem confortáveis em compartilhar informações com o cliente, mesmo quando não se tratar de situações favoráveis.

“Mudar a dinâmica da relação empresa-fornecedor pode criar uma relação de confiança entre as partes, e assim é possível ficar informado sobre riscos potenciais”.

Outras dicas fundamentais também são: definir um tom construtivo para que o fornecedor entenda que o gerenciamento de riscos da cadeia de abastecimento é uma prioridade; se antecipar à resistência do fornecedor, já que alguns deles podem recuar, e isso pode ser evitado desde a fase de negociações, quando se demonstra a disposição em estabelecer relacionamentos mais profundos e de longo prazo com esses fornecedores, em troca de verdadeiras parcerias. Se necessário, aplique alavancagem. Esteja preparado para fechar negócios com base na cooperação de um fornecedor ao passar informações necessárias. A capacidade dele em passar essas informações deve ser avaliada com o mesmo peso do cumprimento de prazo de entrega e controle de custos.

Não basta lutar pelas informações, se elas não forem aplicadas. Certifique-se que sua empresa está utilizando esses pareceres, que precisam chegar às equipes de produto e engenharia em tempo hábil. Estabeleça um sistema de avaliação e mitigação de riscos, e assim sua empresa não dependerá apenas da transparência do fornecedor para minimizar situações adversas. Mesmo com acordos bem estruturados, pode ser que algumas informações ainda escapem de chegar até você.

Fonte: Harvard Business Review

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