Conselho eficaz e hábitos fundamentais segundo Stefano Bridelli

O termo Governança Corporativa pode às vezes nos remeter a normas e procedimentos que tornam a tomada de decisões mais lenta. Porém, o conselho é um dos elementos fundamentais na geração de valor de qualquer empresa.

É comprovado que organizações com Governança Corporativa implementada apresentam performance bem maior que outras empresas de segmentos semelhantes. Junto com os índices ESG, que abordam critérios ambientais, sociais e de governança, a governança corporativa em si tem sido um dos requisitos mais relevantes para os investidores na hora de selecionar.

No mercado brasileiro, por exemplo, o IGCX, que é o índice composto por empresas que possuem níveis diferenciados de governança, a valorização foi de 162% entre 2010 e 2019. Esse valor é superior aos 65% do Ibovespa. No Novo Mercado a performance é ainda mais surpreendente: valorização de 226%.

Além do valor incorporado pela Governança, o conselho também torna processos mais eficientes, já que os membros são preparados para lidar com desafios. Stefano Bridelli, chairman da Bain & Company da América do Sul, listou hábitos que se mostraram úteis para a criação e manutenção dos conselhos e administração.

Para ele, uma das regras mais importantes é a estratégia. Apesar dos conselhos geralmente formarem reuniões ou workshops para tratar do tema, os membros às vezes se limitam a ouvir apresentações dos planos da equipe executiva. É preciso que o conselho entenda e tome para si a estratégia, para que aumente a capacidade de intervir e ajudar a companhia a aproveitar oportunidades, como grandes aquisições e geração de valor sustentável.

Um bom conselho também deve contratar uma equipe de ponta, desempenhando papel principal na seleção, desenvolvimento, avaliação e planejamento da equipe. Em relação ao CEO, é preciso atrelar uma remuneração excepcional ao desempenho acima do esperado. Um bom sistema de remuneração tem premiação de resultados, e penalidades reais para o desempenho mediano. As recompensas devem ser simples, transparentes e focadas na criação de valor a curto e longo prazo.

Outro hábito que deve ser incorporado é assegurar a viabilidade financeira da empresa, já que o conselho de administração tem papel relevante na tomada de decisões financeiras, podendo assim garantir níveis adequados de investimentos e aquisições. Stefano Bridelli acredita que todo conselheiro deveria ser capaz de entender e confiar nos números apresentados, para poder questioná-los se for o caso.

Casar o risco com o retorno é outro tópico importantíssimo. Os conselhos geralmente têm processos formais de avaliar e gerir riscos operacionais, levando em conta considerações comerciais, financeiras e legais. Mas é necessário entender os verdadeiros riscos de acordo com a estratégia daquela corporação.

Um conselho eficaz tem bons processos em funcionamento, como agenda anual, avaliação da efetividade da governança, nomeação de membros adequados, análise prévia de materiais, etc. É desejável que o presidente do conselho valorize e defenda o papel do grupo, garantindo também a implementação dos processos adequados. O presidente é quem dá o tom, garante que aquele modelo vá funcionar quando colocado em prática, coloca em pauta o desempenho, coordena todo um time. O resultado é reflexo da qualidade dos integrantes.

E é claro, o conselho auxilia o CEO a manter a resiliência, a motivação, e tudo o que é necessário para atravessar cenários de crise.

Fonte: Exame

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