Avaliando o desempenho do CEO com os olhos do conselho

Com a pandemia, muitos conselhos passaram a operar em modo de emergência. Com a invasão da Ucrânia, esse cenário se manteve, e não impacta somente os negócios com interesses naquela região, mas também reflete em outros locais – com a inflação e prejuízos à cadeia de suprimentos.

Diante da urgência da Covid-19, muitos conselhos adiaram tarefas importantes de governança, como revisar regularmente as necessidades de desempenho e desenvolvimento pessoal do CEO.

A avaliação do conselho sobre o CEO não deve ser adiada por mais tempo, embora o cenário atual ainda seja de muitas incertezas. Afinal, a pandemia revelou que alguns CEOs eram líderes ao identificar novas oportunidades para a empresa e agir com rapidez e eficiência, enquanto outros CEOs foram identificados como “fracos”.

CEOs com visão de futuro são aqueles que enfrentaram questões como o Brexit e a Covid-19, e aproveitaram para direcionar suas energias e focá-las em superar esses desafios, colocando os negócios de volta aos trilhos. Alguns deles identificaram uma oportunidade única de transformar a empresa para moldar o negócio para o futuro, garantindo que prospere.

Infelizmente, aqueles CEOs sob pressão significativa acabam, muitas vezes, não dialogando com o conselho, e apresentam posteriormente decisões praticamente prontas nas reuniões. Há também aqueles que ficam paralisados diante da incerteza, atrasando decisões e são impulsionados por situações – em vez de conduzi-las. Alguns CEOs se concentram demais no presente: não olham para o futuro, e isso pode trazer consequências negativas de longo prazo para a empresa.

Uma revisão permite que o conselho refine a abordagem ao desempenho do CEO, além do apoio, sucessão e desenvolvimento dele. É preciso observar o desempenho, as necessidades de desenvolvimento… e é através da avaliação que o conselho pode entender melhor o que é possível fazer para garantir que o líder da equipe traga ótimos resultados. A revisão é a melhor prática de governança corporativa.

Para que isso seja feito de forma eficaz, há uma metodologia com quatro etapas. A primeira, é sobre revisar a documentação de avaliação anterior, planos de desenvolvimento e KPIs de desempenho. Na sequência, vêm as pesquisas online obrigatórias, que devem ser adaptadas para refletir o propósito e os objetivos estratégicos da empresa, além de uma avaliação dos comportamentos, habilidades, conhecimento e impacto do CEO. Aqui, os critérios avaliados devem ser os mais relevantes para o momento da organização: por exemplo, planejamento estratégico, liderança, desempenho financeiro e engajamento com as partes interessadas.

A terceira etapa consiste em entrevistas, onde são validadas e esclarecidas as questões levantadas na pesquisa da etapa anterior. E o estágio final é o relatório, com feedback aos subordinados diretos que participaram da revisão. Esse material é capaz de destacar lacunas entre o CEO e as opiniões dos demais envolvidos, possibilitando que o conselho identifique pontos fortes e oportunidades para melhoria de desempenho e desenvolvimento pessoal – isso pode envolver treinamento ou orientações.

Todas essas etapas também garantem que o CEO esteja alinhado com os valores e com a estratégia da empresa. Ao final do processo, devem ser feitas checagens regulares com base no feedback ao longo do ano.

Embora a avaliação de desempenho auxilie o conselho na identificação de formas de apoiar o atual CEO, ela também pode levar o conselho a considerar a possibilidade de substituí-lo, caso não esteja apto a liderar a organização e cumprir a estratégia de negócios traçada. Conforme o cenário muda, a revisão deixa de ser somente uma das melhores práticas de governança, mas passa a ser uma garantia de tomada de decisão eficaz e sucesso a longo prazo nos negócios.

Fonte: Board Agenda

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