A carta de Larry Fink, CEO da BlackRock, para 2022

O CEO da BlackRock, Larry Fink, publicou sua carta anual referente ao ano de 2022. Esta é a décima carta anual divulgada por ele, e foi a mais longa da série.

No documento, Fink fez a polêmica declaração de que o capitalismo de stakeholders não está ativo. Além disso, também trouxe outros tópicos de destaque, como limitações do desinvestimento em combustíveis fósseis, acessibilidade de capital, políticas de votação por procuração, e relatórios alinhados ao TCFD – iniciativa relacionada à divulgação e análise de riscos e oportunidades.

Um dos fatores citados por Larry Fink é a mudança na relação entre empregadores e empregados, e a forma de abordagem da gestão do capital humano, que deve ser proativa. Ele aponta a rotatividade de funcionários como uma métrica de eficácia do gerenciamento de capital humano, e que deve ser abordada pelos CEOs. A recomendação é considerar saúde mental e flexibilidade no local de trabalho como questões emergentes, que se relacionam com as taxas de rotatividade e demissão. Na BlackRock, isso será trabalhado através do entendimento de como a evolução da relação entre empregado e empregador impacta as empresas e os passos que as empresas estão tomando para se adaptar. Fink apresentou uma série de questões relacionadas para as quais os CEOs podem querer começar a preparar respostas, e isso incluiu como as empresas estão garantindo o nível apropriado de supervisão do conselho nesta área.

A renomada carta anual de Larry Fink também foi utilizada para reiterar o desejo da BlackRock em realizar relatórios de risco climático alinhados com a estrutura TCFD. Foi destacada a importância de estabelecer metas de emissão de gases de efeito estufa no curto, médio e longo prazo. Para isso, empresas devem dar um passo adicional além da chamada TCFD, para uma descrição de metas usadas para gerenciar riscos e oportunidades e fornecer ricos detalhes nas divulgações.

Apesar do Sasb, Conselho de Padrões Contábeis de Sustentabilidade, não ser mencionado na carta, o alinhamento ainda é solicitado nas Diretrizes de votação por procuração de 2022 da BlackRock. Essa mudança pode abrir caminho para os próximos padrões de divulgação de sustentabilidade esperados do Conselho Internacional de Padrões de Sustentabilidade.

O comentário polêmico que citamos no início é um componente fundamental da carta. Para Larry Fink, ainda há muito o que aprender e entender sobre a relação entre uma empresa com seus stakeholders e o valor da empresa no longo prazo. Para isso, anunciou o lançamento do Center for Stakeholder Engagement da BlackRock, que funcionará como um novo fórum para compartilhar experiências, participar de debates e apoiar pesquisas.

O empresário cita que, diante de um mundo globalmente interconectado, uma empresa deve criar valor e ser valorizada por toda a sua gama de partes interessadas, para fornecer valor de longo prazo aos acionistas. Através do capitalismo de stakeholders é que o capital é alocado de forma eficiente, as empresas alcançam lucratividade durável e o valor criado é sustentado no longo prazo. A novidade da BlackRock permitirá que CEOs, investidores e especialistas em políticas explorem ainda mais esse conceito.

Quanto à descarbonização, Fink explica que não é alcançada com o desinvestimento de ativos de alto carbono, o que efetivamente serve apenas para transferir a responsabilidade para outros. Ele reitera que todos têm um papel a desempenhar no caminho na descarbonização, inclusive as empresas de combustíveis fósseis, que devem trabalhar em uma estratégia de negócios em cima disso. As novas tecnologias serão os motores. O CEO da BlackRock observa a maior disponibilidade de capital de mais fontes e também como isso gera fortes oportunidades para os disruptores do mercado. Ele deixa claro que os disruptores não virão apenas do termo “empresa inovadora” ou “empresas estabelecidas” que podem ganhar e usar esse título. Para Larry Fink, a descarbonização deve ser obra de ambos os grupos.

A descarbonização exige que as empresas mudem suas operações para se tornarem mais sustentáveis e menos intensivas em carbono, e isso vai aumentar o custo das operações. O preço da oferta de energia vai subir, enquanto a demanda continuará a mesma, trazendo inflação. Para que todos tenham acesso às fontes de energia, seria necessária intervenção do governo, que terá responsabilidade econômica de reduzir ou controlar a inflação. Ao mesmo tempo, líderes devem desempenhar papel regulatório para garantir que as oportunidades de descarbonização sejam incentivadas e exigidas.

Fink escreveu também na carta que a BlackRock está comprometida com um futuro em que todos os investidores possam ter a opção de participar do processo de votação por procuração se desejarem, e isso inclui investidores institucionais e individuais. Portanto, a empresa está expandindo os recursos tecnológicos que vão capacitar os clientes a votar diretamente em seus representantes, quando possível. Segundo a BlackRock, aproximadamente 40% dos ativos de ações dos US$ 4,8 trilhões que ela administra nos EUA e no Reino Unido serão elegíveis para essas novas oportunidades de votação expandidas.

Ao encerrar a carta, o CEO reconhece os desafios envolvidos no atendimento dos interesses frequentemente concorrentes de diversas partes interessadas, e deixa sábias palavras: “mantenha-se fiel ao propósito e à missão de longo prazo da sua empresa, mesmo que você se adapte a novos requisitos”.

Fonte: Black Rock

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