Operações de Crédito Estruturadas: CLUB DEAL

A gestão de riscos desenvolvida pelos bancos ganha eficiência a cada dia. Observa-se isso com clareza quando empresas assumem suas dificuldades financeiras no mercado e algumas até requerem Recuperação Judicial: é raro que bancos credores sejam pegos de surpresa.

Numa relação clássica de confronto entre as áreas comerciais e de risco, nas quais o esforço de venda pode esbarrar nos parâmetros de crédito, as instituições bancárias sempre estiveram na frente quando comparadas a outros segmentos econômicos. Afinal, seu principal produto é o próprio dinheiro e pouca coisa no mundo, e especialmente no Brasil, é mais valorizada ou protegida.

Assim, nessa incubadora de análises os bancos sofisticaram as premissas comuns de crédito dos seus clientes, visando protegerem-se e também ao mercado de crédito dos riscos sistêmicos.

Várias modalidades de operações financeiras estruturadas vêm sendo oferecidas e entre elas o CLUB DEAL como forma híbrida das relações bilaterais entre instituições e clientes e a mais conhecida Sindicalização de Bancos.

Nesta última uma instituição é eleita para liderar a estruturação, o que sugere o convite a outros bancos potenciais participantes. Normalmente são escolhidos aqueles que já operam com a empresa interessada ou por alinhamentos estratégicos entre si. Além disso o banco líder controla as garantias agregadas à operação, formalizada através de um único instrumento de crédito. Obviamente, todos os bancos integrantes serão remunerados por fartas comissões, cabendo a parcela mais expressiva ao banco líder.

O CLUB DEAL, também operado pelo Mercado de Capitais quando vários investidores se juntam para adquirir empresas ou participações sociais, caracteriza-se como uma variação da Sindicalização no Mercado de Crédito.

Trata-se de um alinhamento de condições tais como taxas, prazos e garantias globais que cada banco fará com a empresa. Normalmente essa estrutura é utilizada para empresas nacionais ajustarem o perfil de suas dívidas com alongamentos e equalização do fluxo de caixa.

Compartilhando informações e projeções, cada banco apresenta seu limite de crédito para o Club que pode se restringir à sua participação nas operações da empresa ou então avançar para a “compra” da posição de outros bancos. O valor total do Club Deal resulta de cálculos técnicos que garantam a eficácia do movimento e produzam os resultados desejados. A premissa é a cobertura total do valor necessário à situação da empresa, e se os bancos participantes não chegarem ao número final outros serão convidados.

A depender do grupo de instituições e das linhas escolhidas é possível a formalização num único instrumento de crédito mediante a divisão do controle de garantias. Vale registrar que na forma usual do Club Deal não há solidariedade de crédito entre os bancos, cuja administração de eventuais inadimplências são de cada um.

Um dos atrativos do Club Deal é a preservação das relações da empresa com cada banco, seja no pagamento proporcional das comissões, que não são poucas, seja na medida da exposição de crédito de cada um. Ao não eleger um líder a empresa se posiciona de forma mais independente e própria, o que pode lhe conferir maior liberdade negocial no futuro.

Club Deal: mais uma operação que pode e deve ser avaliada pelas empresas nas relações com seus bancos.

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