BNDES em cena: Capital de Giro com prazo de pagamento de até 60 meses

Autorizado em dezembro último pela circular 41/2017 o BNDES estruturou e passou a oferecer ao mercado Capital de Giro para todas empresas sediadas no país, exceto as públicas. A linha está dividida em vários níveis de condições e custos, a depender do porte da empresa interessada. O prazo de vigência é dezembro de 2018.

Dentre as características publicadas algumas merecem destaque:

– O prazo de até 60 meses incluído período de carência de 3 a 24 meses, para operações indiretas e automáticas limitadas a R milhões – que requerem a presença de algum banco que assumirá os riscos de crédito;

– Os custos: TPL – Taxa de Longo Prazo fixada em 6,76% aa em janeiro, mais a remuneração do BNDES de 1,5% aa, mais o custo do agente repassador (banco) – ainda que o agente mantenha o nível de spread médio e alto hoje vigente a linha será, no final, mais barata que as disponíveis com os recursos próprios dos bancos;

– Canal do Desenvolvedor MPME – para micro, pequenas e médias empresas (faturamento anual de até R$ 300 milhões) este canal no ambiente do BNDES recebe as propostas e as encaminha aos bancos indicados como parceiros do interessado. Antes, porém, ocorre uma triagem na qual as condições mínimas exigidas e o contexto da captação são avaliados. Obviamente as empresas que não tenham CND (mesmo que positiva com efeito negativo) além de outras certidões de regularidade fiscal não podem utilizar a linha. Entretanto o Canal é uma ferramenta inovadora no acesso das empresas menores ao BNDES.

A expectativa da linha é gerar empregos e movimentar a economia. Todas as condições estão no site do BNDES e são claras, objetivas e de fácil entendimento.

Contudo vale uma reflexão crítica: por qual razão os bancos não divulgam nem oferecem aos clientes essa linha? Não é difícil vislumbrar que as receitas sejam muito maiores com as operações próprias, pelos altos custos pagos pelas empresas. Mas esse cenário tem que, pelo menos, começar a mudar.

Não é plausível que a redução da Selic demore tanto a impactar os spreads bancários, nem que linhas como essa fiquem guardadas, reclusas nas gavetas dos bancos. Mas imaginar que a iniciativa de abrir mão de alguma parcela de lucro pelo bem geral do mercado venha dos bancos é mais que ingenuidade.

Resta, assim, às empresas e pessoas se posicionarem melhor na relação com os bancos: não aceitar taxas e tarifas abusivas, perguntar o preço e avaliar todos os produtos e abrir as perspectivas em relação às Cooperativas de Crédito; aos bancos virtuais e à novidades que surgem diariamente no mundo das finanças, mas demoram anos para chegar aqui.

Quanto ao tema deste artigo valeria perguntar e insistir junto aos bancos sobre o Capital de Giro do BNDES.

Sem demanda qualquer esforço externo ao “cartel bancário brasileiro” produzirá poucos efeitos.

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